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Opinião: Kiki Strike na Cidade das Sombras, de Kirsten Miller

Kiki Strike na Cidade das Sombras
de Kirsten Miller
Edição/reimpressão: 2007
Páginas: 368
Editor: Edições Asa
Resumo:
A vida de Ananka Fishbein nunca mais foi a mesma desde que ela decidiu explorar um enorme buraco nas proximidades do seu apartamento, em Nova Iorque. Descendo por uma imunda escada de corda até às profundezas da cidade, Ananka descobre um misterioso compartimento subterrâneo e apercebe-se imediatamente que está perante um grande segredo - mas nem ela podia imaginar as verdadeiras dimensões desse segredo nem, muito menos, as implicações de o ter descoberto!
Na verdade, Ananka não só descobre a lendária Cidade das Sombras sob as agitadas ruas de Manhattan, como acaba por conhecer a misteriosa Kiki Strike, uma rapariga que veste de negro e anda de Vespa e que parece aparecer e desaparecer como por magia.
Milhões de ratazanas, um grupo de raparigas destemidas e dispostas a tudo, esqueletos, tesouros escondidos e uma cidade secreta mesmo por baixo das ruas de Manhattan, eis os ingredientes desta arrebatadora aventura repleta de acção e suspense, que deixará o leitor verdadeiramente "preso" até ao fim, sem nunca saber quem são de facto os malfeitores e aqueles que se batem pela justiça!

Rating: 3,5/5

Comentário:
(Gosto de contar como os livros chegaram às minhas mãos, isso no entanto não é relevante para a crítica, caso não o queiram ler sigam para o paragrafo que começa com "»" para lerem a dita crítica.)
Cada vez que entrava na biblioteca itinerante e me dirigia à secção infanto-juvenil a Kiki olhava para mim sorrindo. Este livro de capa larga e azul clara parecia brincar comigo, convidava-me a levá-lo, mas as frases atrás do livro dos críticos que diziam que Harry Potter teria "uma paixão assolapada" pela Kiki não me ajudavam a ganhar coragem e arriscar-me a lê-lo.
No inicio deste ano no entanto houve uma reserva que fiz de cinco livros que não chegou à biblioteca pelo que, a não ser que achasse algo para ler nas estantes, teria de voltar de mãos a abanar para casa. E, sendo uma livrólica, isso não era obviamente uma opção. Assim sendo, deixei os meus dedos percorrem as lombadas dos livros nas estantes até que subitamente o meu indicador parou na lombada da Kiki. "Ahah!", parecia ela dizer, "que desculpa vais dar hoje?" e como ela ela tinha razão decidi arriscar e levá-la.
»» O começo do livro é assombroso, Ananka, a nossa narradora, fala no passado e diz-nos que olhando para trás tem completa noção que só enveredou nesta aventura com Kiki porque estava terrivelmente aborrecida, uma frase que sem dúvida fará eco com qualquer adolescente. E isto é algo interessante pois normalmente os livros para adolescentes não são escritos no passado, porque ao serem escritos no passado dão ao leitor uma ideia de segurança, afinal seja o que for que aí venha, a personagem consegue sobreviver mas o facto de Ananka se referir sempre a Kiki no passado deixa uma dúvida no ar: Ananka está viva mas e Kiki? Será que a nossa heroína está viva?
O meu maior momento de ligação a Kiki deu-se na primeira vez que ela aparece na história quando, ao ser questionado pela professora sobre o que quer ela ser quando for grande, Kiki responder "Perigosa.". Não contava com tal resposta e lembro-me de ter erguido o sobrolho e ter pensando para mim que sem dúvida esta era a melhor resposta que já tinha ouvido para esta pergunta. No entanto, daí para a frente, a Kiki acabou por se esbater para mim, talvez tenha sido a sua atitude de mandona ou a aura de mistério que acabou por se esbater, a verdade é que consegui ligar-me muito mais a Ananka, a nossa narradora, aos seus pais ausentes, o seu rato de estimação debaixo do lava-loiça e as suas paredes cheias de livros.
Gostei bastante da narrativa e tenho de admitir que me surpreendeu por vezes. A maneira como as raparigas interagem e se completam, cada uma tendo conhecimentos que as outras não tem, acaba por tornar a história um pouco realista no meio de toda a fantasia. Porém é uma escrita para jovens, ou seja, a determinada altura o livro começou a aborrecer, não por estar mal escrito mas por eu não ser da faixa etária a que está destinado. Mesmo assim consegui lê-lo até ao fim sem me sentir necessariamente forçada ou obrigada, se se levar o livro como o que é, até é bastante divertido e muito bom para o género em questão.
Uma das poucas coisas que comecei por gostar no livro mas depois me fartei são as pausas que Ananka faz para fazer listas e dar conselhos. Na verdade, a narrativa está montada de modo a que o livro que temos nas mãos passe por um diário de Ananka onde ela decide partilhar as suas aventuras com Kiki. Assim sendo, Ananka gosta de por curiosidades e conselhos no fim (ou a meio) dos capítulos, o que no inicio é engraçado mas a partir de certa altura me começou a saturar.
O que me manteve presa a este livro foi mesmo a ideia da existência de uma "cidade das sombras", um mundo completamente subterrâneo por baixo das ruas de Manhattan, repleto de salões de baile, quartos, bares, enfim, um mundo completo a 20 metros debaixo do solo mas com tectos altos e pinturas elegantes.
No acerto de contas posso dizer que achei que a Kiki era uma boa aposta, infelizmente encontrei-a tarde demais, senão sem dúvida que me teria divertido muito mais com ela. Mesmo assim, para os rapazes e raparigas em busca de uma boa aventura num mundo subterrâneo este é o livro ideal.

  • Livro recomendado para os 7º, 8º e 9º anos de escolaridade;
  • Este livro faz parte de uma saga;
  • De momento existem dois livros publicados e o terceiro volume será lançado em 2013 (versões originais);
  • Em português este é o único volume disponível.

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