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Opinião: A Luz entre Oceanos, de L. M. Stedman




A Luz entre Oceanos
de L. M. Stedman
 
Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 368
Editor: Editorial Presença

 Rating: 4/5








Resumo:
 1926. Tom Sherbourne é um homem que, regressado dos horrores da Primeira Guerra Mundial, aceita ocupar o posto de faroleiro numa remota ilha ao largo da costa oeste australiana. Os únicos habitantes de Janus Rock, Tom e a sua esposa Isabel vivem uma vida pacata, isolados do resto do mundo. Numa manhã de Abril dá à costa um barco que transporta um homem morto e um bebé que chora - mudando para sempre o destino do jovem casal. Só anos mais tarde vão descobrir as terríveis consequências da decisão que tomaram naquele dia - à medida que a verdadeira história daquela criança se revela… Esta é uma história sobre o bem e o mal, e de como por vezes se confundem.
 
"A Luz Entre Oceanos, uma edição de origem australiana tem provocado uma enorme expectativa nos editores de todo o mundo. O livro foi o grande protagonista da Feira do Livro de Frankfurt de 2011 e uma das obras mais disputadas para publicação.
Premiado com dois galardões australianos, em Fevereiro de 2012, A Luz Entre Oceanos foi capa da revista literária inglesa Bookseller e tem recolhido críticas muito positivas, tanto por parte de leitores, como dos especialistas
 
Distinções:

- Melhor Romance Histórico de 2012 pelo site Goodreads.
- Melhor Livro do Mês na Amazon.com.
- Melhor Livro do Mês na Apple IBookstore.
- Melhor Livro do Mês nas livrarias Indie dos EUA.
- National Blue Ribbon pelo Book of the Month Club.
  
 
Comentário: Raramente publico as distinções atribuídas aos livros que muitas vezes surgem na contracapa dos mesmos. No entanto, e porque realmente gostei de "A Luz entre Oceanos", e porque ele  tem causado impacto junto de quem o lê, achei que merecia a atenção e destaque. Em primeiro lugar, aconselho-vos a passar no site da Editora, porque têm uma apresentação em Prezi sobre o livro que é um mimo. Para quem estiver interessado, aqui fica também a informação de que podem ler um excerto através da página da Editorial Presença.
Agora que já terminei com a publicidade bem merecida ao mesmo, passemos para o enredo. E nada melhor que este livro para abrir a minha primeira opinião de 2013.

A Luz entre Oceanos é uma viva memória. Não só por ser um romance histórico mas porque foram livros como este que me fizeram apaixonar pela leitura mais "adulta" quando tinha os meus 12 anos. Passado na Austrália (continente tão longínquo...) entre o período de 1926 e 1930, vamos encontrar-nos numa pequena aldeia junto da costa, que viu partir muitos rostos corajosos ou amedrontados para a I Guerra Mundial e os recebeu posteriormente como sombras do que haviam sido, fantasmas danificados pelo tempo.

É segundo este estigma de desgraça que precisa de ser recalcada e da necessidade de continuar a vida em diante, que nos é apresentada a sociedade australiana. A esperança não é algo que passa pelo quotidiano destas pessoas, dado que acreditar no impossível torna-se mais doloroso que enfrentar os pesadelos que há muito se escondem dos recantos das suas mentes.

Parece-vos muito negro? Não é. Porque no meio do céu cinzento ainda existem focus de luz (não só dos faróis), pessoas que os fazem sonhar e acreditar que existe vida para além das que foram perdidas (ou tiradas), pessoas como Isabel, que conseguiu ressuscitar Tom para a vida.

Não quero entrar em pormenores do enredo, como sempre, mas posso dizer-vos que mexe connosco. Ninguém é indiferente a uma criança, nem ao impacto que ela causa na vida de alguém, ninguém é indiferente à sua doçura e à necessidade animal que os pais sentem de as proteger. Ninguém é indiferente ao amor desmedido que nunca parece demais, mas que pode colocar com conflito as nossas crenças, desejos e comportamentos morais. Que pode levar a cometer loucuras, desde que isso garanta a sua segurança.

L. M. Stedman traz-nos a verdadeira luz da essência humana. Não nos nega os momentos felizes nem o poder agoniante da dor, e coloca-nos dos dois lados da barreira, sem saber ao certo o que sentir, o que esperar, e no fundo, criando um elemento de dualidade muito bem jogado que nos faz realmente não saber muito bem como assimilar tudo o que estamos a presenciar.

Das críticas negativas que li, aquilo que sobressai são os carácteres das personagens menos queridas, que revoltaram alguns leitores. Da minha parte, acho que isso torna a leitura mais rica, e nem sempre a qualidade de um livro se avalia pelo nosso poder de afinidade às personagens que compõem a história. Embora compreenda até certo ponto, dado que eu própria nunca deixei de torcer o nariz a Isabel, e sempre a achei um tanto ou quanto egocênctrica e egoísta (o que por vezes tornou realmente dificil padecer-me dela embora racionalmente a compreendesse). Tom, por seu lado, é um bom sujeito que vive assombrado com o que teve de fazer na Guerra, principalmente devido aos dilemas morais, emocionais e de salvaguardação da alma (sua e dos seus). Se se diz que só as mulheres sofrem, assim se compreende que por detrás de uma fachada bem cerrada, por vezes existe uma pessoa realmente transtornada. É no entanto um excelente carácter e como tal, passamos metade do tempo angustiados com a problemática que lhe surgirá.

Quando á componente social e local, é bom ler um livro não só centrado em dois focos, esquecendo-se da envoltente. As descrições q.b. valorizando o enriquecimento do livro só o tornaram mais vívido. A localidade, que só ganha maior destaque numa fase adiantada do livro acaba por não ser toda revelada, não faltando nada no entanto, já que a fotografia estabelecida nos fornece as bases para sonhar  o restante de forma segura.

Janus é uma ilha deserta, senão contarmos com a família do faroleiro, que desperta a necessidade de contacto com o que é natural e biológico, com a força da natureza e a aproximação de todos os elementos.

O Farol é sem dúvida um dos grandes focos da obra. Não sendo a sua abordagem maçuda, dá-nos vários elementos sobre a existência do mesmo e sobre o seu funcionamento à luz de 1920. É um retracto histórico de uma realidade em desuso, com a utilização cada vez mais constante de sistemas automatizados, e que dada a minha relação aproximada (por motivos de vida privada) a este elemento, me satisfez bastante e curiosa por ver aplicada à ficção.

Em suma, gostei, recomendo, e acho que não se vão arrepender de todo. Com tamanhas distinções, até seria mau se não lhes seguissemos as pisadas. A Luz entre Oceanos tem o selo de recomendação do Encruzilhadas Literárias.






 
Cláudia
Sobre a autora:
 
Maratonista de bibliotecas e bookcrossing, a Cláudia ainda consegue estudar e fazer o seu mestrado enquanto lê nos transportes públicos. Defensora da sustentabilidade e do voluntariado é tão fácil encontrá-la numa biblioteca como na Rota Jovem em Cascais. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.



 

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