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Opinião: Mariana, de Susanna Kearsley







Mariana
de Susanna Kearsley
Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 352
Editor: Edições ASA



 Resumo: Ela tinha apenas cinco anos quando viu Greywethers pela primeira vez, mas soube de imediato que aquela era a sua casa. Vinte e cinco anos depois, tornou-se finalmente sua proprietária. Mas Júlia depressa começa a suspeitar de que existe algo de poderoso e inexplicável por detrás da sua decisão radical de abandonar Londres e começar de novo numa pequena aldeia. Os novos vizinhos são calorosos e acolhedores, muito particularmente Geoff, o aristocrático proprietário de Crofton Hall, com quem sente uma ligação imediata. Mas a vida tal como ela a conhecia acabou, e outra bem diferente está prestes a começar. Uma vida que inclui Mariana, que habitou aquela mesma casa trezentos anos antes e cujo destino ficou tragicamente por cumprir. A história de Mariana vai-se revelando a pouco e pouco, apoderando-se da sua vida como um feitiço. Ao longo dos séculos que separam as duas jovens, uma promessa de amor eterno aguarda o desfecho que o destino lhe negou. Conseguirá Júlia desvendar no presente os enigmas do passado? Será que Mariana esteve sempre à sua espera?
Rating: 4/5

Opinião:  Fiquei fã da Susanna Kearley com "O Segredo de Sophia" (já aqui comentado no Blog), e quando o vi na Feira do Livro de Lisboa não resisti.

Iniciamos esta história com Júlia, uma mulher que desde pequena se encantou com uma pequena casa numa vila de dimensões reduzidas, e com a qual sempre cruzou por acaso. A ligação ao espaço é intensa e avassaladora, o que se no caso de uma menina de 7 anos a leva a dizer-se proprietária da casa dos seus sonhos, como uma mulher de 29, fá-la perder a cabeça e acabar por adquiri-la. À semelhança do anterior livro da autora, achei que faltava um pouco de caracterização da vida apriori de forma mais fundamentada, mas nada que me tenha estragado a evolução do enredo.
Quem leu o livro anterior da autora, certamente terá algumas sensações de dejá vu, não porque a história seja igual, mas porque existem algumas similiaridades na condução da mesma.
Júlia irá adaptar-se rapidamente aos seus novos vizinhos e ao ar pacato da vila, sendo invandida por indícios de vidas passadas através do carácter histórico da sua residência e do solar Crofton Hall, mas também de mitos e de susperstições populares (que se calhar não estarão assim tão erradas quanto isso).
Enquanto tenta descobrir o verdadeiro segredo, o objectivo de toda a sua curiosidade, Júlia irá passar por alguns momentos algo caricatos (pelo menos se vistos exteriormente) e por uma série de emoções para as quais nem sempre estará preparada.
Gosto das várias personagens deste livro. Tornam-no numa leitura afável e doce, e compõem muito bem a narrativa. Os habitantes da vila contemporânea trazem-nos um lugar idílico onde não me importava de passar férias; com bastante hospitalidade, uma boa dose de intromissão e simpatia.
Tom, o irmão de Júlia, acaba por ser a minha personagem preferida. Um vigário com um sentido de humor afiado e peculiar, que continua a cuidar da irmãzinha e a zelar pela sua segurança e bem-estar.  A relação dos dois irmãos é, de resto, um dos pontos fortes do livro.
Já a vila de 300 anos antes é um local de intrigas, dramas políticos e relações proíbidas, como em parte já se esperava. As ligações entre o presente e o passado estão delineadas de forma inteligente, ainda que a meio do livro tenham sido algo apressadas, roubando-nos elementos da realidade, de qualquer uma delas aliás.
Por mim, e sem revelar nada que não possa, não concordo com o determinismo temporal que a autora quis atribuir ao desenvolver da história, quer quanto à interligação de personagens quer quando ao decorrer do tempo.
O fim foi algo apressado, e apesar de o ter aceite, não acho que tenha tido muito sentido. Mesmo que o desfecho final conduzisse naquele sentido, mais uma vez, o determismo imposto soou-me algo disparatado.
Em última instância, continuo a gostar da forma como a autora escreve e conduz as suas histórias, pelo que irei ficar deste lado a acompanhar próximas obras.


Cláudia
Sobre a autora:
 
Maratonista de bibliotecas e bookcrossing, a Cláudia ainda consegue estudar e fazer o seu mestrado enquanto lê nos transportes públicos. Defensora da sustentabilidade e do voluntariado é tão fácil encontrá-la numa biblioteca como na Rota Jovem em Cascais. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.

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