Um Mundo de Estranhos
de Nadine Gordimer
Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 272
Editor: Difel
Resumo:
Toby Hood, um jovem de classe média-alta inglês, rejeita a actividade
política e as causas que os pais, liberais convictos, defendem
apaixonadamente. Residindo em Joanesburgo, como representante da editora
da família, Toby move-se com facilidade e descontracção, tanto nos
aprazíveis subúrbios brancos como nas fervilhantes e vibrantes cidades
negras.
O seu círculo de amigos é composto por uma grande variedade de pessoas, desde directores de minas a jornalistas e músicos negros; e os fins-de-semana ao estilo colonial de Toby são muitas vezes intercalados com noites passadas nos bairros de lata negros.
A amizade de Toby com Steven Sithole, um jovem africano desenvolto e amargurado, toca-o profundamente, de uma maneira que nunca teria julgado possível e, quando a ânsia de independência e a revolta de Steven contra as regras estabelecidas acabam em tragédia, a vida de Toby nunca mais será a mesma… Um Mundo de Estranhos é uma das mais representativas obras que abordam os primeiros anos do regime do Apartheid, tendo mesmo sido proibida a sua publicação na África do Sul, durante mais de doze anos.
O seu círculo de amigos é composto por uma grande variedade de pessoas, desde directores de minas a jornalistas e músicos negros; e os fins-de-semana ao estilo colonial de Toby são muitas vezes intercalados com noites passadas nos bairros de lata negros.
A amizade de Toby com Steven Sithole, um jovem africano desenvolto e amargurado, toca-o profundamente, de uma maneira que nunca teria julgado possível e, quando a ânsia de independência e a revolta de Steven contra as regras estabelecidas acabam em tragédia, a vida de Toby nunca mais será a mesma… Um Mundo de Estranhos é uma das mais representativas obras que abordam os primeiros anos do regime do Apartheid, tendo mesmo sido proibida a sua publicação na África do Sul, durante mais de doze anos.
Comentário: "Um Mundo de Estranhos" foi a leitura de Fevereiro para o projecto World Book Tour, que neste mês contemplou autores da África do Sul. Tendo sido escrito durante os primeiros anos do apartheid, o mesmo esteve proibido no país em causa durante 12 anos.
Apanhando uma época tão preponderante na época de um país, seria impossível suplantar a temática da segregação racial, pelo que a autora esforçou-se por apresentar uma crítica social acutilante mas não centrada na temática de uma forma óbvia.
Toby é um dandy, e comporta-se como tal, sendo despretensioso, despreocupado e capaz de se insinuar com facilidade em qualquer ambiente que lhe traga algum retorno que se prenda com a satisfação imediata. Age como alguém sem ligações com compromissos que não os meramente profissionais, muito em parte porque não quer ver-se restricto pelas convenções sociais que lhe são impostas moralmente e legalmente, mas também não pretende envolver-se na sua resolução, fugindo das expectactivas e esforços familiares e de estranhos para que se encaixe num grupo ou caracterização social. É nesse estado de espírito que acaba por se encontrar entre duas realidades, a do mundo elitista e caucasiano e os bairros sociais dos negros.
Parte de si encaixa em ambos, um na procura do conforto, outro no encontro intelectual e de sociabilidade, sendo que a sua consciência, ainda que pretensamente indiferente constantemente evidencia a diferença e a incapacidade de mesclar ambos universos.
A sua perspectiva acaba por trazer uma análise pessoal centrada nas crónicas de bons costumes, negligenciando uma análise mais externa do contexto social em que o enredo se insere, ficando este relatado pelo assinalar esporádico de certos momentos através de personagens externas. Pela sua despreocupação em considerar as suas acções, o leitor por vezes quase que se esquece do nível de perigo e insegurança em que se colocava esta personagem, uma vez que vencendo as convenções pela sua desconsideração, a personagem principal age como se elas não existissem, tendo de se confrontar com a realidade dos factos perante certas ocasiões que o relembram que lá porque este se posiciona numa abstenção forçada de consciencialização moral, o mundo continua a girar e as suas contristações estarão sempre presentes para o desafiar.
Atendendo a que o livro acompanha o quotidiano de um homem cujas preocupações diárias passam pelos eventos sociais a frequentar, não foi uma leitura tão profunda ou impactante quanto esperava. No entanto, o seu estilo é bastante refinado e dá um prazer enorme em ler, sendo que o segredo desta leitura reside em ler as entrelinhas e tudo o que não é dito.
Sobre o autor: "Prémio Nobel da Literatura 1991. Escritora sul-africana, Nadine Gordimer nasceu a 20 de Novembro de 1923 em Springs, uma cidade mineira dos arredores de Joanesburgo. Filha de um joalheiro judeu, vindo da Letónia e de uma cidadã britânica, obcecada pela saúde da filha, estudou numa escola de orientação cristã.
Geralmente confinada em casa pelos cuidados da mãe, escreveu o seu primeiro conto com apenas nove anos de idade e, continuando o seu esforço literário, viu Come Again Tomorrow, merecer publicação na secção infantil da revista Forum cinco anos depois. Matriculando-se na Universidade de Witwaterstrand, acabou por desistir dos seus estudos ao fim de um ano, preferindo a escrita. Assim, em 1949 publicou o seu primeiro livro, uma colectânea de contos intitulada Face To Face, e que revelavam as suas preocupações quanto à segregação racial na sociedade sul-africana. [...]
Continuando a explorar o tema dos direitos da maioria negra, Gordimer publicou The Conservationist (1974), romance em que propõe um contraste entre o mundo tradicional Zulu e o devastador fluxo de industrialização conduzido pela etnia europeia. The House Gun (1998) gira em torno do julgamento de um arquitecto, Duncan, que é acusado de ter assassinado o seu amigo Carl Jesperson. [...] Nadime Gordimer foi galardoada com o Prémio Nobel da Literatura em 1991. Faleceu a 13 de julho de 2014, com 90 anos, na sua casa de Joanesburgo". Fonte: WOOK
Apanhando uma época tão preponderante na época de um país, seria impossível suplantar a temática da segregação racial, pelo que a autora esforçou-se por apresentar uma crítica social acutilante mas não centrada na temática de uma forma óbvia.
Toby é um dandy, e comporta-se como tal, sendo despretensioso, despreocupado e capaz de se insinuar com facilidade em qualquer ambiente que lhe traga algum retorno que se prenda com a satisfação imediata. Age como alguém sem ligações com compromissos que não os meramente profissionais, muito em parte porque não quer ver-se restricto pelas convenções sociais que lhe são impostas moralmente e legalmente, mas também não pretende envolver-se na sua resolução, fugindo das expectactivas e esforços familiares e de estranhos para que se encaixe num grupo ou caracterização social. É nesse estado de espírito que acaba por se encontrar entre duas realidades, a do mundo elitista e caucasiano e os bairros sociais dos negros.
Parte de si encaixa em ambos, um na procura do conforto, outro no encontro intelectual e de sociabilidade, sendo que a sua consciência, ainda que pretensamente indiferente constantemente evidencia a diferença e a incapacidade de mesclar ambos universos.
A sua perspectiva acaba por trazer uma análise pessoal centrada nas crónicas de bons costumes, negligenciando uma análise mais externa do contexto social em que o enredo se insere, ficando este relatado pelo assinalar esporádico de certos momentos através de personagens externas. Pela sua despreocupação em considerar as suas acções, o leitor por vezes quase que se esquece do nível de perigo e insegurança em que se colocava esta personagem, uma vez que vencendo as convenções pela sua desconsideração, a personagem principal age como se elas não existissem, tendo de se confrontar com a realidade dos factos perante certas ocasiões que o relembram que lá porque este se posiciona numa abstenção forçada de consciencialização moral, o mundo continua a girar e as suas contristações estarão sempre presentes para o desafiar.
Atendendo a que o livro acompanha o quotidiano de um homem cujas preocupações diárias passam pelos eventos sociais a frequentar, não foi uma leitura tão profunda ou impactante quanto esperava. No entanto, o seu estilo é bastante refinado e dá um prazer enorme em ler, sendo que o segredo desta leitura reside em ler as entrelinhas e tudo o que não é dito.
Sobre o autor: "Prémio Nobel da Literatura 1991. Escritora sul-africana, Nadine Gordimer nasceu a 20 de Novembro de 1923 em Springs, uma cidade mineira dos arredores de Joanesburgo. Filha de um joalheiro judeu, vindo da Letónia e de uma cidadã britânica, obcecada pela saúde da filha, estudou numa escola de orientação cristã.
Geralmente confinada em casa pelos cuidados da mãe, escreveu o seu primeiro conto com apenas nove anos de idade e, continuando o seu esforço literário, viu Come Again Tomorrow, merecer publicação na secção infantil da revista Forum cinco anos depois. Matriculando-se na Universidade de Witwaterstrand, acabou por desistir dos seus estudos ao fim de um ano, preferindo a escrita. Assim, em 1949 publicou o seu primeiro livro, uma colectânea de contos intitulada Face To Face, e que revelavam as suas preocupações quanto à segregação racial na sociedade sul-africana. [...]
Continuando a explorar o tema dos direitos da maioria negra, Gordimer publicou The Conservationist (1974), romance em que propõe um contraste entre o mundo tradicional Zulu e o devastador fluxo de industrialização conduzido pela etnia europeia. The House Gun (1998) gira em torno do julgamento de um arquitecto, Duncan, que é acusado de ter assassinado o seu amigo Carl Jesperson. [...] Nadime Gordimer foi galardoada com o Prémio Nobel da Literatura em 1991. Faleceu a 13 de julho de 2014, com 90 anos, na sua casa de Joanesburgo". Fonte: WOOK
Cláudia
Sobre a autora:
Maratonista
de bibliotecas, a Cláudia lê nos transportes públicos enquanto observa o
Mundo pelo canto do olho. Defensora da sustentabilidade e do
voluntariado, é tão fácil encontrá-la envolvida num novo projeto como a tagarelar sobre tudo e mais alguma coisa. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.
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