Um Jantar a Mais
de Ismail Kadaré
Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 1
72
Editor: Quetzal
Resumo:
Gjirokastër —a cidade de pedra no sul da Albânia—vê desfilar as tropas alemãs que regressam da Grécia ocupada. Quem as comanda é um coronel nazi que em tempos fora colega de um dos dignitários da cidade—o Dr. Gurameto —na Alemanha. O reencontro do coronel von Schwabe com o seu antigo condiscípulo é efusivo e este convidao para jantar.
Mas eis que os resistentes abrem fogo sobre a frente de blindados alemães, e, como represália, os nazis capturam reféns entre os habitantes da cidade.
Sob pena de passar por traidor aos olhos da população, durante o jantar com o estado-maior alemão, o Dr. Gurameto, tenta persuadir o coronel de os libertar —de entre eles, um farmacêutico judeu. E ganha a causa.
Após o fim da guerra, e depois de instaurado o comunismo, este caso volta à discussão. E no momento em que no bloco comunista a paranoia estalinista atinge o seu apogeu, a libertação do farmacêutico judeu pelo coronel nazi transforma Girokäster no centro do complot planetário para a decapitação dos países socialistas…
Rating: 4/5
Comentário: "Um Jantar a Mais" é a escolha de Março do projecto World Book Tour, onde o grupo viajou até à Albânia através das páginas. Tido por muitos como um dos autores que há muito já deveria ter sido consagrado com um Nobel da Literatura, Ismail Kadaré traz-nos uma obra que vinca pelos seus ideais e posições reflexivas, sob um olhar escrutinador perante a História da Europa e as repercussões tidas na Albânia, o seu país natal.
Este livro é uma parábola, tragico-cómica e alegórica que compreende um período da História do séc. XX de completa transformação na Europa. As transformações ideológicas e as suas influências sociais surgem caricaturadas na pequena aldeia de Girokäster, cujos acontecimentos singulares ganham proporções desenxabidas mas bastante claras e perfeitamente honestas sobre as vicissitudes, diferenças e complementaridades de dois regimes ditatoriais, que embora em extremos opostos de um espectro ideológico, se aproximam por diversas vezes nos métodos utilizados para o controlo da população e para a prestação de uma lealdade cega aos líderes que as compõem.
O discurso ligeiro, mas poético, comprometido mas levianamente expondo as construções da acção com perícia e uma deliciosa índole narrativa, tornaram esta pequena leitura num prazer imenso. É ainda assim uma leitura que, ainda que bastante fácil, apela a um olhar perscrutador por parte dos leitores, na medida em que nada é deixado ao acaso e todos os encadeamentos e reflexões são propositadamente colocadas e com intentos claros. Auxiliará também os leitores terem alguma cultura geral e conhecimento sobre os períodos de ocupação Nazi assim como da Guerra Fria para esta composição lida nas entrelinhas que, ao fim ao cabo, é a missão do livro na sua plenitude. Ainda assim, não é descabido que quem se sinta pouco confortável com estas temáticas não subentenda a mensagem, mesmo para além do plano principal da narrativa. Ismail Kadaré foi sem dúvida uma óptima surpresa trazida pelo projecto doWorld Book Tour e irei certamente enveredar por mais leituras de obras do autor.
Sobre o autor: "Ismaïl Kadaré nasceu em 1936, em Gjirokastra, no Sul da Albânia. Estudou em Tirana e em Moscovo no Instituto Gorky. Após a ruptura do seu país com a União Soviética, em 1960, iniciou uma actividade jornalística e publicou os seus primeiros poemas. Entre 1970 e 1982 foi deputado da Assembleia Popular de Tirana, tendo em Outubro de 1990 obtido asilo político em França. É o mais conhecido escritor albanês e as suas obras estão traduzidas em diversas línguas. De entre as seus livros mais importantes, destacam-se, os romances: O General do Exército Morto (1963), Crónica da Cidade de Pedra (1971), Os Tambores da Chuva (1972), O Concerto (1988), e já editados pelas Publicações Dom Quixote, Abril Despedaçado (1978), adaptado ao cinema pelo realizador brasileiro Walter Salles, autor do filme Central do Brazil, O Palácio dos Sonhos (1981), A Pirâmide (1992), e selecção de textos Três Contos Fúnebres pelo Kosovo (1998). Em Junho de 2005, Kadaré foi galardoado com o primeiro Man Booker International Prize pela sua carreira literária." Fonte: WOOK
Este livro é uma parábola, tragico-cómica e alegórica que compreende um período da História do séc. XX de completa transformação na Europa. As transformações ideológicas e as suas influências sociais surgem caricaturadas na pequena aldeia de Girokäster, cujos acontecimentos singulares ganham proporções desenxabidas mas bastante claras e perfeitamente honestas sobre as vicissitudes, diferenças e complementaridades de dois regimes ditatoriais, que embora em extremos opostos de um espectro ideológico, se aproximam por diversas vezes nos métodos utilizados para o controlo da população e para a prestação de uma lealdade cega aos líderes que as compõem.
O discurso ligeiro, mas poético, comprometido mas levianamente expondo as construções da acção com perícia e uma deliciosa índole narrativa, tornaram esta pequena leitura num prazer imenso. É ainda assim uma leitura que, ainda que bastante fácil, apela a um olhar perscrutador por parte dos leitores, na medida em que nada é deixado ao acaso e todos os encadeamentos e reflexões são propositadamente colocadas e com intentos claros. Auxiliará também os leitores terem alguma cultura geral e conhecimento sobre os períodos de ocupação Nazi assim como da Guerra Fria para esta composição lida nas entrelinhas que, ao fim ao cabo, é a missão do livro na sua plenitude. Ainda assim, não é descabido que quem se sinta pouco confortável com estas temáticas não subentenda a mensagem, mesmo para além do plano principal da narrativa. Ismail Kadaré foi sem dúvida uma óptima surpresa trazida pelo projecto doWorld Book Tour e irei certamente enveredar por mais leituras de obras do autor.
Sobre o autor: "Ismaïl Kadaré nasceu em 1936, em Gjirokastra, no Sul da Albânia. Estudou em Tirana e em Moscovo no Instituto Gorky. Após a ruptura do seu país com a União Soviética, em 1960, iniciou uma actividade jornalística e publicou os seus primeiros poemas. Entre 1970 e 1982 foi deputado da Assembleia Popular de Tirana, tendo em Outubro de 1990 obtido asilo político em França. É o mais conhecido escritor albanês e as suas obras estão traduzidas em diversas línguas. De entre as seus livros mais importantes, destacam-se, os romances: O General do Exército Morto (1963), Crónica da Cidade de Pedra (1971), Os Tambores da Chuva (1972), O Concerto (1988), e já editados pelas Publicações Dom Quixote, Abril Despedaçado (1978), adaptado ao cinema pelo realizador brasileiro Walter Salles, autor do filme Central do Brazil, O Palácio dos Sonhos (1981), A Pirâmide (1992), e selecção de textos Três Contos Fúnebres pelo Kosovo (1998). Em Junho de 2005, Kadaré foi galardoado com o primeiro Man Booker International Prize pela sua carreira literária." Fonte: WOOK
Cláudia
Sobre a autora:
Maratonista
de bibliotecas, a Cláudia lê nos transportes públicos enquanto observa o
Mundo pelo canto do olho. Defensora da sustentabilidade e do
voluntariado, é tão fácil encontrá-la envolvida num novo projeto como a tagarelar sobre tudo e mais alguma coisa. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.
Não conhecia, mas agora quero conhecer!
ResponderEliminarFiquei curiosa 😊
Beijinhos e boas leituras