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Opinião: Austenlândia, de Shannon Hale





Austenlândia
de Shannon Hale

Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 184
Editora: Editorial Presença 

Resumo:

Jane Hayes é uma nova-iorquina de trinta e poucos anos que aparentemente não consegue ter sorte na sua vida amorosa. Não que isso pareça incomodá-la, já que nenhum homem poderá alguma vez sobrepor-se à sua obsessão secreta por Mr. Darcy, tal como foi encarnado por Colin Firth na adaptação da BBC de Orgulho e Preconceito. Quando uma tia-avó lhe deixa em testamento umas férias em Pembrook Park, um lugar que proporciona a admiradores de Jane Austen a oportunidade de viverem durante algumas semanas como se estivessem em 1816, os seus sonhos parecem bastante perto de se tornarem realidade. Mas conseguirá a ilusão estar também à altura das suas expectativas?


  
Rating: 3/5 

Opinião: Bem, esta será uma opinião difícil de fazer sem referir qualquer conteúdo do livro, pelo que deixo desde já o aviso que poderão encontrar algumas referências e spoilers, sem que com isso vos revele muito.
Tenho que começar por dizer que sou fã das estórias de Jane Austen desde que me cruzei com Orgulho e Preconceito aos 16 anos. A partir daí fui procurando saber mais sobre a autora, sobre as suas obras, sobre a sua vida pessoal, sobre o mundo em que ela se inseria. Já não sei com quantos filmes baseados em Jane Austen (documentários ou ficcionais) já me cruzei, e não me parece que este fascínio pela autora se perca entretanto. Ainda há uns tempos brinquei com a Catarina que não percebia como é que podia não gostar da tão chamada (continuo a detestar esta designação) chick-lit contemporânea, mas gostar da escrita no séc. XIX.
Dito isto, tenho que referir que não sou nem de perto nem de longe tão louca como a personagem deste livro, mas já lá vou. Não é então de estranhar que este livro me tenha despertado a atenção e estava na minha lista dos a-ler há bastante tempo. Quando soube que o mesmo iria ser editado pela Editorial Presença, e que ainda por cima um filme estaria a estrear brevemente nos cinemas, achei que tinha mesmo de o aquirir. Acho que por todos estes factores se calhar tinha expectativas demasiado elevadas para este livro, e não me assustei com o número reduzido de páginas, convencida de que a resolução deveria ser ideal (até porque o livro tem continuação).
Passando para o enredo, e tal como referi, a personagem principal atinge um nível de obsessão com o Mr. Darcy/ Colin Firth que não é lá muito saudável (e acreditem, eu também gosto de o ver a sair do lago, para além da restante prestação na série). No entanto, Jane é indubitavelmente simpática, desiludida com o amor e com as pessoas com quem travou relações no passado (e que diga-se de passagem, não eram realmente grande coisa), pelo que nos padecemos dela e começamos a fazer figas para que possa encontrar o seu sonho em Pembrook Park, onde a mesma julga ir livrar-se para sempre de um fantasma ao qual nunca irá aceder. Confuso? Nem tanto.
É realmente a estrutura deste local de férias secreto que me desiludiu um pouco. Sem querer dar pormenores, esperava mais afixionados do que profissionais, com alguma dose de entretenhimento com por parte de actores contratados (de modo a criar o ambiente envolvente) mas não ao ponto de tudo soar um bocadinho a farsa. Talvez por ter esta ligação afectiva a Jane Austen, tentei colocar-me no lugar de Jane e não sei se apreciaria nem dois dias da experiência na dita Austenlândia; o que por sua vez não deve ter facilitado que me entrosasse tanto na estória. Bem, isso e o facto de existir uma linha de previsibilidade que não me abondou do início ao fim e a ausência de um carisma mais assertivo entre o casal romântico.
Ainda assim, o livro tem outros tantos pontos positivos, que me levam a escrever esta opinião. Adorei a listagem dos relacionamentos anteiores de Jane, com a descrição de cada fim de relacionamento no início de cada capítulo (tornando mais evidentes os seus motivos para se encontrar numa situação tão abstracta como a que a encontra em Pembrook Park). Por outro lado, é um livro que se lê facilmente e que vai abordando ao longo da obra pequeninas coisas de outros livros de Jane Auste, provavelmente só perceptíveis por fãs da autora, mas que não nos impede de vibrar com isso.
Para além disso, a excentricidade de algumas personagens não deixa de ser hilariante, pela caricatura algo exagerada que lhes é feita, mas que se oferecem como um doce numa bandeja, facilitando a leitura.
Mais ainda, é um livro agradável de ler, que nos acompanha rapidamente, e que promete ser uma boa leitura para aliviar um dia stressante. Só tenho pena de alguma falta de acção (revendo o video do trailer, ele parece sem dúvida mais irreverente que todo o livro). Ainda assim, acho que vou espreitar o próximo: pode ser que seja melhor.



Cláudia
Sobre a autora:
 
Maratonista de bibliotecas e bookcrossing, a Cláudia ainda consegue estudar e fazer o seu mestrado enquanto lê nos transportes públicos. Defensora da sustentabilidade e do voluntariado é tão fácil encontrá-la numa biblioteca como na Rota Jovem em Cascais. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.

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