de Carla M. Soares
Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 400
Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 400
Editora: Marcador
Resumo:
PORTUGAL. 1892. Na sequência do Ultimato inglês e da crise
económica na Europa e em Portugal, os governos sucedem-se, os grupos
republicanos e anarquistas crescem em número e importância e em
Portugal já se vislumbra a decadência da nobreza e o fim da monarquia.
Os ingleses que permanecem em Portugal não são amados.
O visconde Silva Andrade está falido, em resultado de maus investimentos em África e no Brasil, e necessita com urgência de casar a sua filha, para garantir o investimento na sua fábrica.
Uma história empolgante que nos transporta para Portugal na transição do século XIX para o século XX numa descrição recheada de momentos históricos e encadeada com as emoções e a vida de uma família orgulhosamente portuguesa.
NO SEIO DE UMA FAMÍLIA, HÁ CORAÇÕES QUE SE AGITAM ENTRE O CURSO DA HISTÓRIA E O IRRESISTÍVEL PERFUME DOS LIVROS.
Os ingleses que permanecem em Portugal não são amados.
O visconde Silva Andrade está falido, em resultado de maus investimentos em África e no Brasil, e necessita com urgência de casar a sua filha, para garantir o investimento na sua fábrica.
Uma história empolgante que nos transporta para Portugal na transição do século XIX para o século XX numa descrição recheada de momentos históricos e encadeada com as emoções e a vida de uma família orgulhosamente portuguesa.
NO SEIO DE UMA FAMÍLIA, HÁ CORAÇÕES QUE SE AGITAM ENTRE O CURSO DA HISTÓRIA E O IRRESISTÍVEL PERFUME DOS LIVROS.
Opinião: Por vezes, entre uma leitura e a opinião, gosto de deixar passar alguns dias de forma a que o livro e a estória possa assentar. "Um Cavalheiro Inglês" foi como uma sobremesa pronta a ser degustada por vários dias, o que não me deixou de todo espantada, ou não estivessemos a falar de um livro de Carla M. Soares.
Conheço a Carla do mundo virtual e já tivemos a oportunidade de nos cruzar na Feira do Livro de Lisboa no ano passado. Da Carla li também o seu romance de estreia - "Alma Rebelde" e fui leitora beta de 2ª fase de um romance ainda não publicado. De todas as vezes, e de acompanhar o que a autora também escreve no seu blog pessoal, sempre tive a certeza que teria prazer em ler este livro. No que diz respeito a construções linguísticas, trejeitos e construções frásicas, a Carla fá-lo de uma forma sempre bonita, fluída, com um certo lirismo português mas com uma óptica moderna. É uma autora que escreve bem, à mão cheia, e que dá gosto de ler, qualquer coisa que escreva. É claro que só esse factor não justifica o apego a um determinado conteúdo, mas já lá vou.
Quando soube do lançamento de "O Cavalheiro Inglês", fui prestar mais atenção à sinopse e deixei-me render assim que vi a capa (tão bonita!). Era um livro que queria muito, e de tanto o desejar, por pouco não acabei com 3 exemplares em casa! Desde já, tenho de agradecer à Marcador, que nos fez chegar um exemplar com dedicatória, o que só torna o livro que aqui tenho ainda mais especial. Posto isto, todos estes factores só adicionaram uma responsabilidade acrescida, porque quer gostasse ou não do conteúdo, e ainda que seguindo o que habitualmente faço em todas as opiniões apresentadas no Encruzilhadas Literárias, senti que teria de ser ainda mais fundamentada ao apresentar os meus pontos de vista.
De todos os livros da Carla, tenho a dizer que este é o meu preferido de todos. Desde adolescente que o romance histórico/ romance de época foi o meu género literário preferido, e aquele em que me sinto mais em casa. Sabê-lo passado em Portugal só adocicou ainda mais a narrativa e deixou-me bastante feliz. De facto, todas as contextualizações e introduções históricas estão bem apresentadas, como pedaços que se vão desvendando a cada afastar do pano. Todos os dados foram inseridos com delicadeza e tacto, recobrando o enredo principal de pormenores mas sem enfastiar o leitor ou tornar pesado um enredo que não estava para sê-lo. A coloquialidade do discurso que tanto estranhei no Alma Rebelde já achei mais trabalhada e até bastante adequada neste volume, especialmente porque soube atribuir um toque de modernidade sem que este se superasse à narrativa principal.
O desenrolar da narrativa é feito com enlevo, várias surpresas num contexto que se julgará expectável, com nuances do séc. XXI e o desvendar de diversos tabus. Fiquei surpreendida em algumas passagens e fez-me querer lê-lo em todos os momentos livres que encontrei. Deixei-me encantar por uma composição que tinha tudo para ser simples, mas com uma série de interdependências que tornaram o enredo inicial um pouco mais complexo do que o esperado, revelando escolhas inteligentes por parte da autora.
As personagens são ricas de pormenores e cativaram-me por serem fortes, mas se calhar não tão imprevíveis como a autora julgou que elas seriam. São também simultaneamente o ponto fraco do livro. Acompanhando alguém que se expressou sobre este livro nos últimos tempos, apesar dessa composição e de personagens por vezes detestáveis, o livro é globalmente interessante e de boa qualidade. Penso também que por vezes o desejo da autora era de que elas fossem de facto aquilo que prometiam mas, e mesmo que o verbalizassem através de vários diálogos, existia uma apresentação real da sua composição interior que de facto não se adequava.
Sofia é a menina mimada que a ama descreve, cheia de boas intenções morais mas pouca prática e desejos vãos de quem cresceu sendo solicitamente correcta mas sem dar uso a uma maior liberdade. É inconsequente, apaixonada, infantil, mandona e muito imatura mas com o coração no lugar. Já Robert é um anti-herói irritante e até a certo ponto detestável, que não olha a meios para obter o que pretende e julga-se acima de consequências nefastas (o que por vezes o equiparou a um certo duque). Todas as personagens secundárias foram úteis pois não serviram apenas de meros espetadores para o enredo principal e atribuiram-lhe outra dinâmica. Ainda assim, o destaque dado a algumas seria merecidamente tratado noutro contexto.
De todas, adorei a Betsy (da qual gostava que tivesse um livro totalmente dedicado a si), que acabou ser a caracterização de mulher que se esperava ver reflectida em Sofia e que acabou por não acontecer.
Todos os dramas mais negros também foram passados algo levianamente, e atendendo a que foram abordados de uma forma algo mais superficial, esperava que o efeito de conclusão ou análise sobre estes fosse mais acerrado.
Ainda assim, é um livro extremamente bonito, que adorei e pretendo reler, e que denota a evolução da Carla enquanto autora - o que só me faz ansiar pelos próximos livros!
Cláudia
Sobre a autora:
Maratonista de bibliotecas, a Cláudia lê nos transportes públicos enquanto observa o Mundo pelo canto do olho. Defensora da sustentabilidade e do voluntariado, é tão fácil encontrá-la envolvida num novo projeto como a tagarelar sobre tudo e mais alguma coisa. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.
Olá Cláudia!
ResponderEliminarJá vi muitas críticas sobre este livro e sempre boas e positivas. Estou muito curiosa para o ler.
Beijinhos e boas leituras!
Olá Isa,
ResponderEliminarAcho que vais gostar muito mas começa mesmo pelo Alma Rebelde e depois salta para este ou és capaz de estranhar. Há de facto uma grande evolução na construção de estórias por parte da autora.
Boas leituras,
Cláudia