A Rapariga no Comboio
de Paula Hawkins
Edição/reimpressão: 2015
Páginas: 320
Páginas: 320
Editor: Topseller
Resumo:
O êxito de vendas mais rápido de sempre. O livro que vai mudar para sempre o modo como vemos a vida dos outros.
Todos os dias, Rachel apanha o comboio...
No caminho para o trabalho, ela observa
sempre as mesmas casas durante a sua viagem. Numa das casas ela observa
sempre o mesmo casal, ao qual ela atribui nomes e vidas imaginárias. Aos
olhos de Rachel, o casal tem uma vida perfeita, quase igual à que ela
perdeu recentemente.
Até que um dia...
Rachel assiste a algo errado com o
casal... É uma imagem rápida, mas suficiente para a deixar
perturbada. Não querendo guardar segredo do que viu, Rachel fala com a
polícia. A partir daqui, ela torna-se parte integrante de uma sucessão
vertiginosa de acontecimentos, afetando as vidas de todos os envolvidos.
De leitura compulsiva, este é o thriller do momento, absorvente, perturbador e arrepiante.
A Rapariga no Comboio tornou-se imediatamente um verdadeiro
fenómeno mundial, com mais de 2 milhões de livros vendidos em apenas 3
meses e já em processo de adaptação ao cinema pelos estúdios Dreamworks.
Rating: 4/5
Comentário: Já tive oportunidade de dizer anteriormente, mas volto a reforçar, que fico sempre um pouco de pé atrás quando surgem comparações entre livros ou sugestões do género "para fãs de...".
A "Rapariga do Comboio" tem sido bastante recomendada a quem gostou de "Em Parte Incerta" de Gillian Flynn, livro que não me cativou de todo. De qualquer forma, continuava curiosa com a sinopse apresentada, pelo que não pude deixar de aproveitar a oportunidade criada pela Topseller, que cedeu ao blog um exemplar avançado para leitura e opinião honesta antes do lançamento oficial do livro (gesto pelo qual estamos gratas!).
Terminada a leitura, posso dizer que este livro é de facto para os fãs da Gillian, mas também para os que não gostaram das suas obras. Melhor que isso, "A Rapariga no Comboio" é para os fãs da Paula Hawkins!
Para quem realiza diariamente viagens mundanas de comboio, é perceptível o fascínio com este modo de transporte e para a certa nuance mágica que lhe surge associada. Foi também esse embalo inicial que criou uma ligação de empatia com Rachel, a personagem que me acompanhou ao longo de mais de 300 páginas.
Esta personagem é bastante peculiar, pelo grau de complexidade que lhe é atribuído mas também pela facilidade de acesso às diversas camadas que a compõem, e que vão sendo reveladas em diversos momentos da obra, intercalados de forma engenhosa para inebriar o leitor e deixá-lo com várias suspeitas e muito poucas certezas.
Perdida, com instintos acertados, vários questionamentos justificados e uma série de momentos que até poderiam ser considerados hilariantes, não fosse uma clara análise individual e social da sua condição, esta Rapariga que viaja diariamente de Comboio foi uma surpresa constante e pela qual dei por mim a torcer, mesmo nos momentos em que ela não merecia. Aliás, estava tão concentrada nela nas primeiras páginas que só ao fim de quatro capitulos me apercebi que o livro é contado sob dois pontos de vista, pelas mãos de Rachel e Megan (obrigando-me a recomeçar para me posicionar correctamente).
Parecendo uma enorme distração da minha parte, a verdade é que as histórias diferenciadas sobrepõem postos de construção. As duas personagens confluem na sua essência em algumas coisas, pelo que criam uma voz comum entre ambas, sem lhes negar uma personalidade forte e vincada. As duas estão condoídas com preâmbulos da vida, fragilizadas, marcadas por arrependimentos e cenários mais cinzentos, e procuram qualquer coisa, mesmo que não saibam que o fazem ou o que pretendem de facto. São muito vívidas, destacando-se pela forma transformadora como se envolvem com as restantes personagens secundárias e que criam uma rede de tensões, suspeita, suspense e mistério que agarra qualquer leitor até à última página.
A acção está enquadrada de uma forma engenhosa, apoiando-se num estilo de escrita bastante lúcido, que se entranha, e que nos faz querer avançar para a próxima página, descobrindo as consequências de cada passo dado pelas personagens (de forma acertada ou não) ao longo de um jogo de incerteza e porque não, de sobrevivência.
Rachel e Megan levam-nos para uma viagem constante entre o presente o passado, pelo constraste do mundo idealizado e das transformações aparentes que podem acontecer com um piscar de olhos (ou com um comboio parado ao pé de um sinal por breves minutos). A análise que estas mulheres proporcionam ao leitor está sempre em mutação, seja pela apresentação de detalhes singulares, por uma frase dita aparentemente sem significado, por uma revelação inesperada ou pela necessidade constante de o colocar a tentar adivinhar os seus próximos passos.
É essencialmente um jogo intelectual, à altura de um thriller de mão cheia, que se entranha na mente de quem o lê até que todas peças encaixem e façam sentido novamente. E embora não componha um cenário tão perturbador como o prometido, numa lógica de constrastes visuais, "A Rapariga no Comboio" faz-nos certamente pensar se a parte mais arrepiante das nossas vidas não será o facto de nunca conseguirmos conhecer/prever realmente o comportamento de alguém. Nem o do vizinho do lado, nem das pessoas com quem partilhamos laços afectivos, nem de quem nos vê do outro lado do espelho.
Não percam a oportunidade de lançar a mão a este livro, que será editado em Portugal a 8 de Junho pela Topseller (edição: o lanlçamento foi adiantado para 5 de junho)!
Cláudia
Sobre a autora:
Maratonista
de bibliotecas, a Cláudia lê nos transportes públicos enquanto observa o
Mundo pelo canto do olho. Defensora da sustentabilidade e do
voluntariado, é tão fácil encontrá-la envolvida num novo projeto como a tagarelar sobre tudo e mais alguma coisa. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.
Olá Cláudia!
ResponderEliminarTambém já tenho este livro, pois estou muito curiosa com ele.
Também fico sempre de pé atrás quando dizem isso...acabo sempre por ficar desiludida. Espero que este não seja o caso.
Beijinhos e boas leituras