Pura Coincidência
de Renee Knight
Edição/reimpressão: 2015
Páginas: 304
Páginas: 304
Editor: Suma de Letras
Resumo:
E se de repente se
apercebesse de que é o protagonista do aterrador romance que está a ler?
Catherine tem uma boa vida: goza de grande sucesso na profissão, é
casada e tem um filho. Certa noite, encontra na sua mesa de cabeceira um
livro com o título "O perfeito desconhecido". Não sabe como terá ido
parar ao seu quarto ou quem o terá ali posto. Ainda assim, começa a
lê-lo e rapidamente fica agarrada à história de suspense. Até que,
depois ler várias páginas, chega a uma conclusão aterradora.O perfeito desconhecido recria vividamente, sem esquecer o mais ínfimo detalhe, o fatídico dia em que Catherine ficou prisioneira de um segredo terrível. Um segredo que só mais uma pessoa conhecia. E essa pessoa está morta.
Rating: 3/5
Pura Coincidência é daqueles livros com uma sinopse intrigante que nos faz questionar o que é que virá na próxima página. A ideia de que podemos pegar num livro e um flash de reconhecimento passar por nós, indicando que conhecemos a vida a ser descrita - exactamente por ser a nossa - é particularmente estranho e peculiar, para além de algo arrepiante. Por esse motivo, não pude ignorar o pânico de Catherine, especialmente atendendo a que esta ainda carrega um segredo adicional, mas que continua incógnito para o leitor quase até ao fim.
O livro é narrado sob duas perspetivas, uma na voz da Catherine, tão presente e límpida que nos sentimos perto do seu drama e receios. A segunda voz é misteriosa, carregada de crueza e ódio, malvadez e avareza, desconhecida e pouco palpável, até se ir tornando corpórea à medida que a trama avança.
Essa dualidade de perspetivas ajudou a criar expectativas e dúvidas durante a leitura, nunca ficando muito claro sobre o que estava a ser discutido, mas principalmente quem estaria a dizer a verdade. É caso para assegurar que, em última instância, cada história pode ter mais do que uma versão...
Este acaba por ser um livro de redenção e de descoberta, de pazes com o passado e de libertação, de revelações sombrias e de reinvenção do ser humano, sob as suas diversas camadas.
Catherine acaba por ser uma mulher complicada, que não conseguimos perceber nem nos sentir a si ligados em nenhuma ocasião, especialmente porque apesar do sentimento de pânico por si sentido ser latente, os segredos que ela esconde do marido também ao leitor e à leitora são vedados, pelo que o olhar desconfiado nunca abandona a sua narrativa, ainda que um certo traço de compaixão, ou não fosse perceptível o sentido de desespero que dela emana. A sua relação com o marido e o filho é um pouco errática, confusa e não muito honesta, para ser franca, mas o mesmo se procede no sentido oposto.
Já o autor da segunda voz é ainda mais complexo, desconcertante e desconfortável de conviver de perto, pelo que não existe um momento em que como leitores e leitoras, nos sintamos perfeitamente confortáveis na presença de nenhum deles.
O desfecho deste enredo revela-nos o habitual volte face neste tipo de género literário, ainda que nunca me passou pela cabeça que o desenrolar dos acontecimentos tendessem naquela direção. Foi uma autêntica surpresa, e desta vez certamente não suspeitei de nada. Cumpre os requisitos de um livro do género, ainda que apesar de tudo não me tenha conseguido cativar a fundo (provavelmente devido a essa ausência de conexão com as personagens).
Cláudia
Sobre a autora:
Maratonista
de bibliotecas, a Cláudia lê nos transportes públicos enquanto observa o
Mundo pelo canto do olho. Defensora da sustentabilidade e do
voluntariado, é tão fácil encontrá-la envolvida num novo projeto como a tagarelar sobre tudo e mais alguma coisa. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.
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