Está na hora de vos falar de bibliotecas!
Pelo Encruzilhadas temos falado destes grandes equipamentos culturais desde sempre, não só porque apoiamos o trabalho lá desenvolvido mas porque fazem parte do nosso quotidiano. A Catarina acabou de descobrir as vantagens de percorrer esses corredores literários mais vezes desde que se mudou para o Reino Unido, não porque não as valorizasse antes, mas porque a oferta perto da sua casa anterior não era muito vasta. E basta pensar que vários daqueles livros que estamos ansiosos por ler ou foram recentemente cá editados já circulam pelos leitores das bibliotecas de uma certa região de Inglaterra há algum tempo. Da minha parte, as bibliotecas sempre foram um centro de visita habitual, especialmente porque só comprava livros no meu aniversário e no Natal, o que me obrigava a procurar novas soluções.
Por esse motivo, por aqui sempre as temos defendido, e têm sido as companheiras de muitas horas. Foi nelas que descobri livros fantásticos como "A Rapariga Que Roubava Livros" ou "A Queda dos Gigantes", ou que encontrei aquele livro que precisava mesmo para estudar, onde fiz vários trabalhos de grupo e conheci colegas para além da imagem de sala de aula, onde me frustrei por nunca haver uma secção destinada à Geografia (e me obrigar a percorrer todas as estantes das Ciências Sociais e de Arquitetura/Urbanismo quando elas existiam), mas encontrar outras destinadas ao Cinema, à História e à Sociologia, onde me aventurei só pelo prazer de lá entrar e descobri novas publicações mensais de interesse.
E podia ficar por aqui a divagar sobre o que aprendi e vivi em bibliotecas até ao sol raiar, mas prefiro levar esta crónica noutro sentido. A primeira biblioteca que frequentei dentro de um x raio de km na minha área de residência foi a Biblioteca Municipal de Oeiras, e como tal esse tem sido desde então o meu ponto de referência (faz este mês 18 anos que bem merecem ser celebrados!), mas desde então aventurei-me pelas de Cascais e, mais tarde e já na faculdade, nas de Lisboa. Como tal, tenho o cartão de leitora dos três municípios e porque me tenho deparado com várias diferenças e coisas que gosto mais numas do que noutras, decidi fazer um conjunto de artigos de comparação e recomendação para quem nos segue na área da Grande Lisboa e pretende aventurar-se pelo mundo bibliotecário. E vamos começar nada mais nada menos do que pelo espaço.
ESPAÇOS
Bibliotecas Municipais de Cascais: Biblioteca Municipal Casa da Horta da Quinta de Santa Clara [*], Biblioteca Municipal São Domingos de Rana [*], Biblioteca Municipal Infantil e Juvenil [*] (mais informações aqui).
Bibliotecas Municipais de Oeiras: Biblioteca Municipal de Oeiras [*], Biblioteca Municipal de Algés, Biblioteca Municipal de Carnaxide (mais informações aqui)
Bibliotecas Municipais de Lisboa: Biblioteca de Belém [*], Biblioteca da Penha de França, Biblioteca Por Timor, Biblioteca Camões, Biblioteca David Mourão-Ferreira, Biblioteca Maria Keil, Biblioteca Olivais (serviço Bedeteca), Biblioteca de São Lázaro, Biblioteca dos Coruchéus, Biblioteca Palácio Galveias [*], Biblioteca Orlando Ribeiro [*], Biblioteca-Museu República e Resistência (espaço Cidade Universitária), Biblioteca-Museu República e Resistência (espaço Grandella), Biblioteca-Quiosque Jardim da Estrela,
Bibliotecas Itinerantese (Mais informações aqui)
[*] - Espaços já visitados.
Como vêm pelos asteriscos, não visitei todos estes espaços, pelo que vou remeter o artigo apenas para a minha experiência pessoal e fico à espera das vossas opiniões relativamente aos restantes.
A Biblioteca Municipal de Oeiras é a central do concelho e a primeira que eu conheci. Desde trabalhos de grupo no secundário a pesquisas da universidade, passei lá muito do meu tempo e é das minhas preferidas. Tem um espaço bastante amplo, luz espectacular (tanto natural como artificial), boas cadeiras para trabalhar e estantes que nunca mais acabam. Conta ainda com uma sala gigante para a secção infantojuvenil, uma recepção com sofás e cadeiras bastante simpática e uma sala de informática e audiovisuais. Se tiver de ficar por lá mais do que umas horas, é a minha preferida. Ponto desfavorável: apesar de próxima à linha ferroviária, localiza-se entre as estações de Santo Amaro e de Paço de Arcos. Não é que fique longe para percorrer a pé o caminho até lá, mas não é nada simpático de se fazer à noite (e até um bocado inseguro), e há que não esquecer que no Inverno escurece depressa...Outra alternativa que utilizava em tempos idos era apanhar o autocarro gratuito para o Oeiras Parque e descer o caminho todo até lá abaixo. Subir a colina no final do dia carregada de livros é que era pêra doce. Entretanto o transporte passou a ser pago, deixei de ter passe que me ligasse aos restantes modos de transporte no perímetro da biblioteca e por isso hoje vou lá menos vezes, com muita pena minha. Para os que se deslocam de automóvel, com prédios nas redondezas e lugares de estacionamento reservados às Águas de Oeiras, estacionar pode ser um pesadelo. (Fonte da imagem: Câmara Municipal de Oeiras).
As
Bibliotecas de Cascais são as que melhor conheço porque mais facilmente
as visito. Mas nem por isso passo mais tempo nelas. A Biblioteca
Infantojuvenil é uma pequena casa engraçada no centro do Parque Marechal
Carmona, e um dos verdadeiros espaços a visitar e a relaxar. Estando
dedicada às faixas etárias mais novas mas podendo ser utilizada por
todos, apresenta brinquedos e mobiliário adequado às idades dos seus
principais utilizadores. Já para não falar que tem um parque de merendas
mesmo ao lado e bancos à entrada que nos permitem ler ao mesmo tempo
que ouvimos os galos, as rolas e os pavões como ruído de fundo. Ponto desfavorável: a ligação ao exterior passa despercebida para quem não a conhece. Precisa de ter a porta aberta mais vezes, e alguma coisa chamativa (na imagem abaixo vê-se uma construção de uma árvore do lado direito mas que não costuma lá estar) e uma tabuleta que lhe atribua maior visibilidade.
Já a de São Domingos de Rana é relativamente recente. Faz 10 anos em 2015 e está enquadrada numa realidade de bairro, numa localidade que à partida teria menor afluência ao equipamento (desenganem-se que é bastante visitada), e que muita falta lá fazia. Dispõe de cafetaria, tem uma sala destinada ao infantojuvenil (mais pequena que a de Oeiras), uma sala como galeria de arte e um vasto espaço a ser utilizado. É um edifício que dá prazer em lá entrar e conta com um óptimo parque de estacionamento (para uma lotação média). Ponto desfavorável: A disposição interna não é das melhores. Há poucas mesas para trabalhar e não estão agrupadas da melhor maneira.
Deixei para último lugar a Biblioteca Casa da Horta (como eu lhe chamo para encurtar o nome que nunca mais acaba) porque das três é a que visito com mais frequência. É um edifício antigo recentemente alvo de renovação, com elevador e boas instalações sanitárias (são as maiores diferenças que sinto no espaço para o que era anteriormente). As salas são de pequena dimensão devido à estrutura do edifício, pelo que não me apela a passar lá muito tempo, até porque sentimos sempre estorvar os que estão, os que vão, os que passam nos corredores logo ao lado. No entanto, é um edifício amoroso, bem no centro de Cascais, com uma sala dedicada à informática e outra (um pouco mal aproveitada) para os livros infantojuvenis.
O espaço de eleição é o jardim, amoroso, com várias mesas de apoio que muitos utilizam para almoçar mas também para trabalhar. Basta ver a época de exames a chegar e a quantidade de jovens que o utilizam (é preciso é ter cuidado com as pinhas, gigantes por sinal, que já não é a primeira vez que alguma cai ao ponto de quase deitar um buraco na cabeça de alguém). Ponto desfavorável: Tendo espaços tão fechados, precisava de mais formas de renovação do ar, ou de ter mais janelas abertas. Há dias, especialmente os de chuva e com muita afluência, em que cheira demasiado a gente (Fonte das imagens: Câmara Municipal de Cascais).
Quanto às de Bibliotecas de Lisboa, apesar de já ter visitado mais, aquela que frequentei com maior assiduidade e que, portanto, me deixou com maior capacidade para analisá-la é a Biblioteca Central do Palácio das Galveias. Ainda assim, não posso deixar de dizer que a Biblioteca Municipal de Belém está localizada num sítio espectacular, mesmo próximo aos jardins e perto das tentações do Starbucks e dos Pastéis de Belém. O edifício é pequeno mas bastante agradável. Estive lá durante o dia e parece-me um local bastante calmo e bom para se estudar.
Já a Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, que para quem não sabe foi um grande geógrafo, não poderia faltar nas minhas visitas. Acho o local onde se encontra simpático e a biblioteca é bastante grande. Tem uma secção só para os trabalhos de Orlando Ribeiro e um óptimo espaço para trabalhar, para ler mais descontraidamente e uma vista para os jardins de fazer inveja.
No entanto, a menina dos meus olhos é a Biblioteca Central das Galveias. Primeiro, porque ficava tão próxima da minha faculdade que podia lá ir todos os dias se quisesse (e tivesse tempo, que foi o que mais me
faltou para ler nessa altura). Localizada quase defronte o Campo
Pequeno, o edifício é lindo e antigo (foi uma das antigas residências
dos Távora, pertencendo a meados do séc. XVII, e que mais tarde
pertenceu aos condes de Galveias - fonte) e dá gosto lá entrar só por esse motivo. Por outro, porque tem estantes que nunca mais acabam, uma sala só dedicada a livros de áreas científicas de forma detalhada (vi lá categorias que não encontrei em mais nenhuma) e condições relativamente agradáveis para trabalhar. Tem uma sala considerável dedicada ao universo infantojuvenil, outra dedicada à história, e uma subrecepção com dicionários, as obras de saramago e outros grandes autores de língua portuguesa e umas estantes antigas espectaculares. Entrem, vejam os azulejos que a decoram e aproveitem o jardim onde costumam passear dois pavões. Ponto desfavorável: As instalações sanitárias deixam muito a desejar, pelo que ir passar lá o dia inteiro pode ser um problema. Chegar lá ao fim da tarde é esperar um milagre para nos sentarmos a trabalhar. (Fonte das imagens: Câmara Municipal de Lisboa).
No próximo artigo vou falar-vos dos horários e da qualidade do atendimento. Fiquem atentos!
(Nota: Todas as imagens são apresentadas por ordem de relato)
Cláudia
Sobre a autora:
Maratonista de bibliotecas, a Cláudia lê nos transportes públicos enquanto observa o Mundo pelo canto do olho. Defensora da sustentabilidade e do voluntariado, é tão fácil encontrá-la envolvida num novo projeto como a tagarelar sobre tudo e mais alguma coisa. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.
Adorei o post claro =)
ResponderEliminarApesar de adorar a das Galveias, é muito popular e enche muito depressa em alturas de exames. No verão anda às moscas. A minha preferida é a de Belém sem dúvida!
Infelizmente não conheço as outras fora de Lisboa =(
Beijinho
Tens de vir visitar Mafi! Se vieres a Cascais podes ver a central e a infantojuvenil no mesmo dia. São bastante próximas :)
ResponderEliminarUm beijinho!
No outro dia, fui à de Galveias e fiquei com um melão porque só abria às 11h da manhã. Fora essa vez, fui lá mais duas vezes para um trabalho de faculdade de Antropologia (sobre uma tribo qualquer com nome esquisito) e pareceu-me um espaço excelente :) amplo, bem iluminado :)
ResponderEliminarEsqueci-me de dizer que passei pela de S. Domingos porque ficava a 5min da minha escola :)
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