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Opinião: Illuminae, de Anie Kaufman e Jay Kristoff



Illuminae - Os ficheiros Illuminae_01
de Amie Kaufman e Jay Kristoff
 
Edição/reimpressão: 2016
Páginas: 608
Editor: Nuvem de Tinta
  





Resumo:
Illuminae é diferente de todos os livros que alguma vez leste. Através de documentos pirateados, emails, mapas, arquivos militares, transcrições de interrogatórios e mensagens, vais descobrir que o pior dia da vida de Kadie é apenas o início da história mais trepidante e arrebatadora de sempre.





Rating: 4/5

Comentário: Não costumo gostar de livros que se passem ou lidem com a temática do espaço. Sempre achei a astronomia aliciante e apelativa mas toda a ficção em sua volta me desarmavam e aborreciam (sim, não aprecio Star Trek nem Star Wars...). Livros com o enredo descrito através de cartas ou emails nunca resultam para mim. Então porque é que esta foi uma das minhas melhores leituras do ano (subentendendo-se que foi das que mais apreciei)? Porque Amie e Jay pegaram em dois elementos que teriam tudo para não dar certo para mim e convenceram-me do contrário!
Confesso que estive sempre de pé atrás com Illuminae quando o vi sair no mundo literário internacional, independentemente das muitas e boas análises positivas com que me deparei, porque as minhas experiências com temáticas semelhantes não tinham sido muito felizes. Mas a sinopse em português valida que este é um livro diferente de todos os lidos até então e está coberta de razão.
Este livro é apresentado como um relatório compilado que foi requerido a alguém, que procurava respostas sobre determinados acontecimentos que se procederam no planeta natal dos nossos protagonistas e que tiveram repercussões durante os meses que se seguiram a bordo de algumas naves de salvamento. Essa compilação é variada, decorrendo de relatórios dos próprios técnicos encarregues desta compilação, da recolha de emails, registos informáticos do sistema interno destas naves, conversas em chatrooms, registos de câmaras de vigilância, entre outros elementos. Existem também diversas cenas de acção, que não sendo descritas ao pormenor, estão representadas por vários elementos gráficos. Todos estes elementos, anexos numa lógica de equilíbrio e enquadramento da estória, fizeram todo o sentido.
Na verdade, e para perceberem melhor aquilo que pretendo abordar, aqui ficam alguns exemplos:






Ao nível dos planos de acção, estes são diferenciados e devem ser todos referidos. Por um lado temos este relatório compilado, onde são colocados comentários de alguém externo, provavelmente o responsável pelo processo, e que nos vai relembrando que, embrenhados no enredo que vamos acompanhando, há muito mais para ser explorado do que temos visível.
Por outro lado, o drama destes dois adolescentes, ex-namorados mas ainda apaixonados, que se encontram separados por duas naves e vão comunicando entre uma e outra para dar alguma luz sobre o que se passa no outro lado. Este acabou por ser o elemento que menos apreciei, embora seja natural e quase que mandatório para quem escreve livros YA na actualidade. Não necessariamente por ter um romance, mas pela forma como o romance era de algum modo imposto em determinados momentos. Estando em perigo, é normal que os dois adolescentes de alguma coisa se apegassem ao que os unia e manifestassem saudades, ou até carinho mútuo. O que era totalmente inverosímil eram os constantes gracejos em momentos inoportunos, e aquele egocentrismo tipicamente adolescente que, ainda que não deixasse de existir porque sim, eles eram miúdos, com tanta desgraça a ocorrer-lhes e à sua volta, o desenvolvimento forçado de maturidade era um bocado  que necessário e nem sempre o presenciei. Claro que alguns destes momentos são justificados posteriormente, mas não o suficiente para garantir cobertura a todos eles.
Tanto um como outro tiveram ainda alguma exploração de personagem, felizmente, que lhes atribuiu novas camadas e mistérios para desvendar e resolver. 
Depois, temos ainda o plano da perseguição, do inimigo invisível mas conhecido, que os procura com o intuito de eliminar provas para um massacre profundamente planeado, e que tem como objectivo o contorno deste obstáculo em 3 naves excessivamente povoadas, danificadas pelo confronto anterior, e sem capacidade para corresponder a todas as necessidades, a não ser com recrutamentos forçados e muita displicina militar, entre outras.
Por fim, o agente patogénico mistério, que criou um ambiente que de alguma forma me relembrou Residence Evil em alguns momentos, perigoso, assassino, não contido e imprevisível e com uma enorme capacidade de criar suspense, acção e adrenalina constante.
De resto, este factor foi simultâneo a todos, menos ao plano de Observação: a acção desencadeia-se depressa, cada página acrescenta algo novo à narrativa, o leitor está constantemente ansioso por descobrir uma novidade, uma nova solução, e quando esta parece surgir ao fundo do túnel, deparamo-nos com um novo obstáculo. É impossível não ficarmos rendidos com as diferentes camadas que contribuem para este ritmo acelerado, letal, mutável e em constante movimento.
Por fim, o tipo de leitura segundo todos os meios que já vos mostrei acabou por criar uma experiência alucinante, completamente inovadora e de imersão quase que total que me valeu numa das leituras que mais prazer de meu este ano.
Sem revelar muito do enredo, não há muito mais que vos possa acrescentar senão: mas que final foi aquele????? O momento de tensão é garantido e a reviravolta (uma delas, porque a outra me era previsível) vai-me fazer ficar a ansiar pelo próximo livro da trilogia durante os próximos meses. Fica uma sugestão para este verão, divirtam-se com ela!



Cláudia
Sobre a autora:
 
Maratonista de bibliotecas, a Cláudia lê nos transportes públicos enquanto observa o Mundo pelo canto do olho. Defensora da sustentabilidade e do voluntariado, é tão fácil encontrá-la envolvida num novo projeto como a tagarelar sobre tudo e mais alguma coisa. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.

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