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Opinião: A Última Ceia, de Nuno Nepomuceno


 
A Última Ceia
Nuno Nepomuceno
 
Edição/reimpressão: 2019
Páginas: 360
Editor: Cultura Editora






Sinopse: Uma nota enigmática é encontrada junto a lascas de tinta e tela, e à moldura vazia de um quadro famoso. O ladrão deixou um recado. Promete repetir a façanha dentro de um ano. De visita à igreja de Santa Maria delle Grazie em Milão, uma jovem mulher apaixona-se por um carismático milionário. Mas quando alguns meses depois é abordada por um antigo professor, Sofia é colocada inesperadamente perante um dilema. Deverá denunciar o homem com quem vai casar-se, ou permitir tornar-se cúmplice deste ladrão de arte irresistível?

Enquanto a intimidade entre o casal aumenta, um jogo de morte, do gato e do rato, começa. E aquilo que ao início aparentava ser um conto de fadas, transforma-se rapidamente num pesadelo, enquanto um plano ousado e meticuloso é urdido para roubar a obra-prima de Leonardo da Vinci. Requintado, intimista, inspirado em acontecimentos verídicos, A Última Ceia transporta-nos até ao elitista mundo da arte. Passado entre Londres e Milão, habitado por uma coleção extraordinária de personagens, para as quais a ambição e fama sobrepõem-se a qualquer outro valor, este é um thriller sofisticado de leitura compulsiva. Uma viagem surpreendente ao centro de uma teia de intrigas, romances e traições.

Rating: 3/5
Comentário: É verdade, mais um livro do Nuno Nepomuceno a ser lido no Encruzilhadas Literárias. Acompanhar a carreira de um escritor é sempre interessante. Somos espectadores privilegiados do seu percurso e evolução, mas também detectamos quando os mesmos necessitavam de espaço para maturar um livro com maior cuidado, especialmente por já lhe conhecermos o estilo e a prosa. "A Última Ceia" é um dos livros que se encaixa na última categoria.
A sinopse denota que a trama tem tudo para dar certo. Obras de arte, criminosos, mistérios e vários actores, todos com propósitos e ambições diferentes.
Passando além fronteiras e reforçando os mecanismos do subterfúgio, "A Última Ceia" vai-nos transmitindo várias pistas que vão sendo desvendadas rapidamente, mas que ainda assim prendem o leitor à trama.
Por outro lado, a complementaridade do universo do Afonso Catalão surge algo forçada e desnecessária. Este livro sobrevivia sem esse elemento, vivendo como livro independente. Até porque os pontos de conexão que foram fornecidos sobre ele e a sua família poderiam ter sido mais explorados e eram bastante interessantes. Mereciam brilhar, num outro livro que não este.
As personagens deste enredo foram bem delineadas, precisando de ser consolidadas e ganhar maior dimensão. Para isso, contribuiria a eliminação de certos elementos descritivos que nada acrescentam à narrativa e ocupam espaço que poderia ser preenchido pelo desenvolvimento e esclarecimento de várias questões que surgem repentinas, pouco exploradas, desconectas do restante enredo e que são resolvidas sumariamente pela não resolução.
Senti o fim como algo apressado, especialmente pelo desaparecimento repentino de algumas personagens, de uma forma que não me fez muito sentido.
Por outro lado, e como o autor já nos vem habituando, o livro revela estudo (especialmente o de campo, o de análise directa), que atribui uma singularidade de posse à narrativa e nos transmite para o plano da deslocação in loco. Do ponto de vista do conhecimento em geral, aprendo sempre algo novo nos livros do Nuno, e este caso não foi excepção. Com uma forma leve, mas completa, o enredo tem sempre o reforço de um enquadramento, seja histórico ou conceptual, que valida a narrativa. Foi das partes mais interessantes do livro, para mim. E julgo que, apesar de encadeada por questões e factos acessórios, conseguiu brilhar e validar o título que dá nome a esta narrativa.
Não há como detalhar mais esta experiência de leitura sem revelar o enredo. Tratando-se de um thriller, é tudo o que menos se quer. Deste modo, fica o desejo de que este livro seja um dia reeditado, com outra abordagem, porque uma maturação mais lenta vai trazer ao de cima o sumo que pontifica uma narrativa ágil, intrincada e com diversas surpresas.




Cláudia
Sobre a autora:
 
Maratonista de bibliotecas, a Cláudia lê nos transportes públicos enquanto observa o Mundo pelo canto do olho. Defensora da sustentabilidade e do voluntariado, é tão fácil encontrá-la envolvida num novo projeto como a tagarelar sobre tudo e mais alguma coisa. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.

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