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Opinião: A Avó que Percorreu o Mundo de Bicicleta, de Gabri Ródenas



A Avó que Percorreu o Mundo de Bicicleta

de Gabri Ródenas

 
Edição/reimpressão: 2019
Páginas: 136
Editor: Editorial Presença





Sinopse: Doña Maru tem noventa anos e uma vida pacata em Oaxaca, México. Percorre diariamente de bicicleta uma longa distância para levar doces, alegria e o seu sorriso às crianças do orfanato. Criada, ela própria, num orfanato, no Chile, de onde fugiu com treze anos, sabe bem o que é estar só no mundo. A vida não foi fácil para ela, mas a velha senhora sempre manteve o caráter rebelde e ouviu os murmúrios do seu coração.
Quando descobre que tem um neto, em Veracruz, decide partir a galope no cavalo de vento? A sua velha bicicleta? Em busca do rapaz numa viagem reveladora do poder dos sonhos.
Com esta fábula cheia de magia, humor e espírito positivo, Gabri Ródenas convida-nos a abrir a caixa dos tesouros que a vida nos oferece - a esquecer o que nos entristece ou o que nos aborrece para abraçarmos uma existência mais emocionante, mesmo que de início isso nos possa parecer desconcertante e insólito. É um convite para vermos a realidade tal como a víamos nos longos verões da nossa juventude, em que tudo resplandecia e o mundo se revelava pleno de aventuras e oportunidades.

Rating: 2/5
Comentário: Os que nos acompanham sabem que livros de auto-ajuda ou ficção com o mesmo intuito não tendem a ter espaço cá em casa. Na verdade, não passam de todo pelas minhas prateleiras. Mas quis ler "A Avó que Percorreu o Mundo de Bicicleta" em lembrança um livro que li em adolescente (não me lembro qual ou qual o autor), que recordava através de fábulas ficcionais alguns valores morais a reter.
E este livro é precisamente uma pequena fábula, dotada de um certo surrealismo mágico e ternura, na quimera de uma avó que procura um neto desconhecido, para compensar os laços familiares perdidos com um filho problemático.
Os clichês são abundantes, as predominâncias deterministas do destino constantes, e as ligações do acaso com a certeza dominante de um percurso certo que poderia soar absurdo também.
No entanto, esta leitura acabou por não resultar para mim por dois motivos. O primeiro prende-se com a própria personagem, que tida como avozinha sábia se torna irritante, pelas constantes "lições de vida", especialmente para uma pessoa com uma vida pessoal tão mal resolvida (e que reconta a sua história mas não reflecte muito sobre ela). O outro motivo prende-se com o tom da escrita, bacoco e paternalista, que implementa forçosamente uma série de ditos e pensamentos do senso comum - mas que até poderiam ser relembrados sem causar mossa, não fosse o facto que serem inseridos continuadamente e em todas as páginas, e de uma forma pouco natural. Neste caso, em vez de serem as lições que se pretendem enunciar ao arrepio da narrativa, é a narrativa que segue em segundo plano perante as lições de moral constantes, o que acaba por desvirtuar a história que poderia ser inspiradora e se torna somente maçuda. As coincidências constantes acabam por tapar as incongruências narrativas, e até o mote principal da fábula, que é ensinar e colocar a reflectir através do entretenimento, acaba por sair defraudado pela forma como é conduzido.
Tenho pena, porque a premissa que surge como aliciante no início se perde no conjunto. No entanto, é um livro que poderá surpreender os leitores menos habituados a reflectir sobre si e sobre o mundo envolvente, e sobre qual o seu papel no meio desta trama vivencial.
 



Cláudia
Sobre a autora:
 
Maratonista de bibliotecas, a Cláudia lê nos transportes públicos enquanto observa o Mundo pelo canto do olho. Defensora da sustentabilidade e do voluntariado, é tão fácil encontrá-la envolvida num novo projeto como a tagarelar sobre tudo e mais alguma coisa. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.

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