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Opinião: Meu Segredo, Meu Amor, de Julie Cohen




Meu Segredo, Meu Amor

de

Edição/reimpressão: 2019
Páginas: 344
Editor: Porto Editora




Sinopse:
Robbie e Emily estão juntos desde sempre, mas o seu amor permanece vivo e forte. Ao longo da vida, têm partilhado a cama, a casa e uma ligação tão profunda que parece indestrutível. Mas há coisas que eles não partilham com ninguém, para bem de todos.
Numa manhã como qualquer outra, Robbie acorda, veste-se, escreve uma carta a Emily e sai de casa. Para sempre. Há um segredo que ambos guardam desde o dia em que se conheceram. Os sacrifícios e as escolhas que fizeram ao longo da vida podem agora ser expostos perante todos e esta é a única maneira de os preservar.

Rating: 3/5
Comentário: Fiquei apaixonada por esta capa e pela sinopse, pelo que quis muito descobrir qual o segredo encerrado nos anais da história de Robbie e Emily.
Como é que começo a falar-vos deste livro? Talvez pela clareza de raciocínio da autora, que conseguiu criar um enredo intrincado e que mesmo com vários saltos temporais, não perdeu o fio condutor nem apresentou incoerências narrativas. Existe um constante mistério, apresentado como um detalhe das histórias de vida deste casal, porque nada é mais misterioso do que as escolhas que fazemos e as consequências que delas derivam. Os pequenos indícios vão indicando o posicionamento dos momentos na história de vida das personagens, assim como os fios condutores e despontantes de determinadas decisões que se encarregaram de transformar directa ou indirectamente o curso das duas vidas.
No que toca propriamente ao enredo, Julie Cohen foi corajosa, e seguiu para uma conclusão já perseguida por muitos, que à última hora se acobardam e mudam de direcção. A autora foi estóica, manteve-se firme no seu leme narrativo, sabendo de antemão o que procurava criar com esta história. E também o quão mal interpretada poderia ser por se permitir, ainda que no mundo narrativo, a elaborar uma situação que do ponto de vista moral, é tão controversa.
Os ingredientes certos estão todos presentes, mas faltou-me empatia maior pelas personagens. Julgo que o principal motivo se deve ao facto de o plano se focar constantemente na explicação dos factos, não dando real oportunidade das personagens sentirem e demonstrarem o peso das suas emoções em cada momento. Essa ausência de relacionamento intensifica-se porque o fio se desenrola na direcção contrária dos acontecimentos, o que não seria problemático se nos desse mais alguns momentos com as personagens após as grandes revelações. Até porque, no meu entender, é a percepção dos outros que reforça o impacto e densidade das decisões deste casal. A falta delas, não fosse o desfecho final, poderia incorrer no erro de tornar estas decisões algo corriqueiras. Correndo o risco de ser também mal interpretada, o livro retracta uma história de amor, e de um grande amor, onde passando por cima das adversidades (muitas bastante complicadas) um casal soube encontrar-se uma e outra vez ao longo da sua vida.
Gostava que a autora tivesse retirado uns dois ou três dramas que roubaram espaço aos restantes, já tão densos e intensos que poderiam ter melhor exploração, até porque houve alguns elementos que foram colocados no mapa e que depois desaparecem sem continuidade ou grande explicação. Não interessando para a história principal, eram dispensáveis e potenciais dispersores da atenção do leitor. Foi um bom exercício, mas não me convenceu em pleno.


Cláudia
Sobre a autora:
 
Maratonista de bibliotecas, a Cláudia lê nos transportes públicos enquanto observa o Mundo pelo canto do olho. Defensora da sustentabilidade e do voluntariado, é tão fácil encontrá-la envolvida num novo projeto como a tagarelar sobre tudo e mais alguma coisa. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.

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