A Casa dos Primatas
Edição/reimpressão: 2012
Páginas:384
Editor: Edições ASA Resumo: Sam, Bonzi, Lola, Mbongo, Jelani e Makena não são símios normais.
Estes bonobos, como outros membros da sua espécie, são capazes de raciocinar e de manter relacionamentos intensos. Mas, ao contrário da maioria dos bonobos, também conhecem a linguagem gestual.
Isabel Duncan, investigadora do Laboratório de Pesquisa da Linguagem dos Símios, não compreende as pessoas mas está perfeitamente à vontade com os animais, em especial com os bonobos…
Quando uma explosão abala o laboratório, ferindo gravemente Isabel e «libertando» os símios, a reportagem de interesse humano de John torna-se a reportagem da sua vida, que o fará pôr em risco a carreira e o casamento. É nessa altura que os bonobos desaparecidos são apresentados num reality show televisivo, emitido em circunstâncias misteriosas e capaz de se transformar no maior - e mais improvável - fenómeno da história da moderna comunicação social. Milhões de fãs ficam colados ao ecrã, a verem os símios a encomendar fast food cheia de gordura, a terem relações sexuais por tudo e por nada e a gesticularem a Isabel para os salvar.
Rating: 4/5
Comentário:
A Casa dos Primatas foi a minha estreia com Sara Gruen, autora do tão aclamado Água para Elefantes. Foi uma surpresa interessante que se traduziu num livro de ficção leve e fluído, mas com conteúdo. Não sou das maiores amantes de animais, mas sou contra as injustiças e sigo os valores de respeito pelo próximo, perante qualquer ser vivo. Ao longo dos anos, a National Geographic foi-me fazendo ganhar um carinho especial para com uma ou outra espécie, resultado de reportagens bem conseguidas, pelas imagens estonteantes e pelos textos apaixonados. Sara Gruen fez o mesmo com este livro, fazendo-se sentir, de certa forma, em casa.
Todo o enredo se prende com a vida de seis primatas, mais tarde sete, e pela forma como uma série de personagens se correlacionam com a sua existência, assumindo um papel em sua defesa ou uma atitude de desprezo e crueldade capaz de levantar as maiores críticas. Isabel Ducan é investigadora no Laboratório de Pesquisa da Linguagem dos Símios e dedicou os últimos 10 anos da sua vida àqueles que considera a sua família. Contrariamente a outros primatas, estes exprimem-se numa aproximação quase humana, comunicando com a equipa que os acompanha por linguagem gestual. São sensíveis e têm uma opinião própria, criando uma empatia e dinamismo que os que se cruzam com eles pela primeira vez não podiam esperar. O mais interessante quanto a este assunto é a veracidade de alguns diálogos estabelecidos pelos bonobos com a personagem, que foram introduzidos na obra pela autora, ao contactar com uma realidade semelhante, o que muito pode surpreender o leitor.
É então que acontece o inimaginável e vemo-los a serem retirados à força do local que conhecem como lar para que se dê origem a uma exploração gananciosa por mentes menos intencionadas, de uma nova faceta dos bonobos: o seu à vontade e liberdade sexual, do qual resultam diversas interacções entre os elementos da família.
Isabel decide então partir num empreendimento do qual não saberá o resultado, mas que garanta a luta pela segurança dos seus, sejam eles os símíos que teve a cargo até recentemente, sejam as novas amizades que vão surgindo, e que irão criar elementos de suporte que a ajudam a aguentar momentos inesperados.
Por outro lado, John é um jornalista que se interessou pela história destes animais peculiares e não se consegue esquecer da força e do poder de interacção que os mesmos tiveram consigo. Quando se depara com problemas profissionais com o jornal para o qual trabalha, decide partir à aventura, e principalmente acompanhar a sua mulher que muito precisa de si, mesmo quando não o demonstra.
Gostei bastante do enredo e acompanhei rapidamente o desenrolar da história. Como pontos negativos, destaco o desenvolvimento de algumas linhas de narrativa que para mim não tiveram sentido. Se a relação de John com a mulher por vezes já me soava fora do contexto, a insinuação de um possível triângulo amoroso logo ao início começou por me desagradar. O desenvolvimento de algumas histórias do passado ou a imiscuição da família do casal também. Tirando isso, foram um par agradável, à procura de descobrir como ultrapassar as suas diferenças e continuarem pelo caminho explorado do casamento.
A exploração da temática do mau trato e abuso dos animais pode ser educativa sem pecar pelo excesso, criando uma afectividade maior entre o leitor e os simpáticos e descontraídos bonobos, que nos acompanham com as suas peripécias e teimosias ao longo de toda a obra.
É acima de tudo uma história de coragem: de não ter medo de ultrapassar obstáculos que se julgavam impossíveis de ultrapassar, de ver além do óbvio, de pedir ajuda quando necessário, e de confiar sem perder o rumo. Aconselha-se a leitura para quem gosta de animais, e para quem quer começar a gostar.
A Casa dos Primatas foi a minha estreia com Sara Gruen, autora do tão aclamado Água para Elefantes. Foi uma surpresa interessante que se traduziu num livro de ficção leve e fluído, mas com conteúdo. Não sou das maiores amantes de animais, mas sou contra as injustiças e sigo os valores de respeito pelo próximo, perante qualquer ser vivo. Ao longo dos anos, a National Geographic foi-me fazendo ganhar um carinho especial para com uma ou outra espécie, resultado de reportagens bem conseguidas, pelas imagens estonteantes e pelos textos apaixonados. Sara Gruen fez o mesmo com este livro, fazendo-se sentir, de certa forma, em casa.
Todo o enredo se prende com a vida de seis primatas, mais tarde sete, e pela forma como uma série de personagens se correlacionam com a sua existência, assumindo um papel em sua defesa ou uma atitude de desprezo e crueldade capaz de levantar as maiores críticas. Isabel Ducan é investigadora no Laboratório de Pesquisa da Linguagem dos Símios e dedicou os últimos 10 anos da sua vida àqueles que considera a sua família. Contrariamente a outros primatas, estes exprimem-se numa aproximação quase humana, comunicando com a equipa que os acompanha por linguagem gestual. São sensíveis e têm uma opinião própria, criando uma empatia e dinamismo que os que se cruzam com eles pela primeira vez não podiam esperar. O mais interessante quanto a este assunto é a veracidade de alguns diálogos estabelecidos pelos bonobos com a personagem, que foram introduzidos na obra pela autora, ao contactar com uma realidade semelhante, o que muito pode surpreender o leitor.
É então que acontece o inimaginável e vemo-los a serem retirados à força do local que conhecem como lar para que se dê origem a uma exploração gananciosa por mentes menos intencionadas, de uma nova faceta dos bonobos: o seu à vontade e liberdade sexual, do qual resultam diversas interacções entre os elementos da família.
Isabel decide então partir num empreendimento do qual não saberá o resultado, mas que garanta a luta pela segurança dos seus, sejam eles os símíos que teve a cargo até recentemente, sejam as novas amizades que vão surgindo, e que irão criar elementos de suporte que a ajudam a aguentar momentos inesperados.
Por outro lado, John é um jornalista que se interessou pela história destes animais peculiares e não se consegue esquecer da força e do poder de interacção que os mesmos tiveram consigo. Quando se depara com problemas profissionais com o jornal para o qual trabalha, decide partir à aventura, e principalmente acompanhar a sua mulher que muito precisa de si, mesmo quando não o demonstra.
Gostei bastante do enredo e acompanhei rapidamente o desenrolar da história. Como pontos negativos, destaco o desenvolvimento de algumas linhas de narrativa que para mim não tiveram sentido. Se a relação de John com a mulher por vezes já me soava fora do contexto, a insinuação de um possível triângulo amoroso logo ao início começou por me desagradar. O desenvolvimento de algumas histórias do passado ou a imiscuição da família do casal também. Tirando isso, foram um par agradável, à procura de descobrir como ultrapassar as suas diferenças e continuarem pelo caminho explorado do casamento.
A exploração da temática do mau trato e abuso dos animais pode ser educativa sem pecar pelo excesso, criando uma afectividade maior entre o leitor e os simpáticos e descontraídos bonobos, que nos acompanham com as suas peripécias e teimosias ao longo de toda a obra.
É acima de tudo uma história de coragem: de não ter medo de ultrapassar obstáculos que se julgavam impossíveis de ultrapassar, de ver além do óbvio, de pedir ajuda quando necessário, e de confiar sem perder o rumo. Aconselha-se a leitura para quem gosta de animais, e para quem quer começar a gostar.
Cláudia
Sobre a autora:
Maratonista de bibliotecas e bookcrossing, a Cláudia ainda consegue estudar e fazer o seu mestrado enquanto lê nos transportes públicos. Defensora da sustentabilidade e do voluntariado é tão fácil encontrá-la numa biblioteca como na Rota Jovem em Cascais. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.
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