de Cecelia Ahern
Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 320
Editor: Editorial Presença
Resumo:
Nos últimos anos, a vida de Lucy Silchester não tem corrido como ela
idealizara. No entanto, isso não parece incomodá-la, uma vez que para
cada coisa desagradável que lhe acontece, há sempre uma maneira de a
contornar contando uma mentira. Um dia, quando chega a casa, Lucy
encontra um envelope com um convite para se encontrar com a vida, que
aparentemente ela anda a negligenciar. A partir desse momento, as suas
mentiras irão ser desmascaradas - a menos que Lucy aprenda a dizer a
verdade sobre o que é realmente importante para si. (Vejam o livro no site da editora clicando aqui e aproveitem para ler um excerto do mesmo!)
Rating: 4/5
Comentários:
Catarina: Em primeiro lugar gostaria de dizer que esta será sem dúvida uma das críticas mais pessoais que já fiz. E isso dever-se-á ao facto de algumas das situações que a protagonista vive serem situações pelas quais eu já passei, ou, assustem-se, estou a passar. Assim sendo, ler o livro foi bastante divertido e uma experiência que recomendo. Foi uma óptima ideia pela parte da Editorial Presença quando decidiu publicar este livro, que não poderia ter vindo numa altura mais ideal do que a presente.
Confesso que nunca tinha lido nada escrito pelas mãos de Cecelia Ahern. Vi o filme do livro P.S.- Amo-te e estava interessada em ler o livro, também editado pela Editorial Presença. No entanto, várias amigas minhas que o fizeram na altura desaconselharam-me, dizendo que o livro ficava muito aquém do filme. Assim sendo, foi um pouco a medo que peguei neste livro. A autora conseguiu contudo superar todas as minhas expectativas e criar um universo bastante interessante, com personagens divertidos e bastante humanas.
A premissa do enredo é bastante curiosa: Lucy não se tem "portado bem" e a Vida resolve chamá-la para uma "sessão de intervenção", mas a Vida é tudo menos aquilo que Lucy espera e eis então que ela se vê a dar uma volta de 180º à sua existência. Tenho de admitir que me questionei várias vezes durante o livro como seria a minha vida se ela decidisse marcar um encontro comigo e creio que seria, no mínimo, assustador.
Mas é esta a situação estranha e caricata com que Lucy tem que aprender a lidar e com a qual vive ao longo do livro. O processo complicado (e ao mesmo tempo simples) que é a desmistificação da vida de Lucy é soberbo. Capítulo a capítulo, testemunhamos a queda das suas mentiras e mais, das suas próprias ilusões, assim como das ilusões das pessoas que a conhecem. A Vida não vai deixar espaço para dúvidas no que verdadeiramente é importante para Lucy, mesmo que esta não saiba bem o que isso significa.
Outra coisa que este livro tem que eu também aprecio bastante, são os vários momentos de humor. Acho que a autora soube aproveitar muito bem a personalidade das suas personagens e conseguiu explorar e criar momentos em que as personagens não só brincam entre si como efectivamente se ridicularizam umas às outras, algo que não só é humano como bastante real.
Quando uma personagem é bem construída, é normal este género de coisas acontecerem, temos momentos para rir e momentos para chorar. Percebemos o que aquela personagem sente e se forem doidos como eu, quase que podemos imaginar que ela existe mesmo, mesmo que apenas seja num canto da nossa mente. Assim sendo, gosto que as personagens dos livros me sejam coerentes. A não ser que me digam que a personagem está com uma depressão, e tenha choros por tudo e por nada, apenas me vão irritar se assim não for porque pessoas assim na vida real também me irritam: se a pessoa conta piadas quando está nervosa, eu espero ler algumas piadas, mesmo que más, quando a personagem se enerva. São estes pequenos jeitos que, para mim, dão profundidade a um personagem e o tornam real, são coisas que aprecio bastante nos mesmos.
Desde a capa, visto que os olhos também comem, até à última página, este livro revelou-se uma autêntica caixinha de bombons. Sai não só com o nosso selo de aprovação assim como com uma recomendação de leitura! Sem dúvida um livro enternecedor que nos faz repensar na nossa vida.
Ki
(Catarina)
Sobre a autora:
Bibliófila assumida e escritora de domingo. Gosta de livros e tudo o que esteja relacionado com eles, tem a mania que tem opiniões sobre coisas e gostas de as expor no seu blog conjunto Encruzilhadas Literárias, tem também uma conta no GoodReads e é das melhores coisas que já lhe aconteceu.
Cláudia: Se a ideia de ter um estranho a entrar-nos casa dentro a saber tudo sobre a nossa vida pode parecer assustadora, mais assutadora é a ideia de que essa pessoa (e com muito mal aspecto por sinal) é a nossa Vida. Vida essa que ainda por cima foi contactada pela nossa família, e que assinou uma autorização para uma intervenção imediata! Bizarro demais?
Esta é a premissa inicial demonstrada por Cecilia Ahern em "O Meu Encontro com a Vida", e que devo que confessar estranhei ao início. Talvez porque esperava por algo mais abstracto. Um encontro com a vida sugere algo mais reflexivo, fora dos parâmetros normais de um romance, mas quando dou por mim tenho a Vida de Lucy a jantar em casa da sua família. De qualquer forma, e passado aquele choque inicial de ir com as expectativas trocadas, entrei facilmente no enredo e foi um dos livros mais divertidos que li nos últimos tempos.
Em parte fez-me lembrar uma série televisiva, Being Erica. Não é muito conhecida, e talvez nem todos saibam do que falo, mas relata a história de uma mulher que se encontra com um terapeuta especial, que a faz voltar atrás no tempo em algumas situações para reviver momentos da sua vida dos quais se arrepende e daí retirar uma lição. A Vida de Lucy é sem dúvida um Doctor Tom, mas muito mais rabugenta, inadequada, constrangedora e difícil de lidar. De facto, a Vida coloca a nossa protagonista numa série de situações onde a mesma, como mentirosa compulsiva para se escapar de algumas situações, se vê ainda mais encrencada do que esperava e sem solução senão enfrentar os problemas de frente e procurar uma solução clara para os mesmos. Se bem que elas nem sempre existam, principalmente se vierem afogadas em anos e anos de problemas, respostas evasivas e fugas desesperadas a confrontos.
À medida que vai aprendendo a lidar com as várias questões que a atormentam, Lucy aprende o significado de estimar-se e estimar a sua Vida, de protegê-la sendo feliz, e garantindo que os outros à sua volta a respeitam.
É um livro bastante acessível, com uma escrita muito leve e directa, e um óptimo romance para este fim de verão. Sabe a sol, sabe a mudanças, sabe essencialmente a uma dúzia de gargalhadas, porque é impossível não rir com uma Vida a pôr-nos em cheque. E todos sabemos do que falo, porque há sempre um amigo que nos coloca em situações constrangedoras, onde gostaríamos de achar um buraco no chão para nos escondermos, e escapar do pressuposto que nos é colocado em diante.
Por outro lado, a perspectiva relaxada e algo romântica de Cecilia não deixa de nos colocar a pensar e reflectir sobre a nossa realidade, sobre a nossa reacção perante situações adversas e sobre o quanto por vezes seria mais fácil se a Vida falasse connosco. Mesmo que o registo dela ainda seja o do século passado e não perceba nada de computadores.
Foi a minha estreia com esta autora e gostei bastante
Cláudia
Sobre a autora:
Maratonista de bibliotecas e bookcrossing, a Cláudia ainda consegue estudar e fazer o seu mestrado enquanto lê nos transportes públicos. Defensora da sustentabilidade e do voluntariado é tão fácil encontrá-la numa biblioteca como na Rota Jovem em Cascais. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.
Estou muito curiosa sobre este livro. A Cecelia Ahern não é das minhas autoras favoritas, mas acabo por ler sempre os livros dela...! E este livro parece-me muito bem :)
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