Hoje, no facebook, uma amiga minha publicou no seu status que ao entrar numa livraria se apercebeu que nunca viveria o suficiente para ler metade da mesma. Deduzo que a intenção dela tivesse sido fazer um post melancólico, mas como consigo ser bruta quando quero (e talvez até esperançosa) respondi-lhe rapidamente que há uma metade de todas as livrarias que não interessa ler.
Para mim isto é verdade, amo ler, amo livros, amo livrarias mas não quero ler todos os livros do mundo. Talvez isto seja chocante mas sejamos práticos, eu não leio coreano logo não poderei ler livros coreanos, claro que existem traduções mas será que todos os livros alguma vez editados na correia vão ser traduzidos para inglês e mesmo que sejam, será que eu vou gostar do estilo de escrita coreano? E aqueles livros específicos de medicina ou de informática, o que é que isso me interessa?
Claro que a minha amiga deveria estar a falar dos livros de ficção e das aventuras que nunca poderá ler pois não viverá tempo suficiente para as ler a todas, mas será que isso não é um pouco como os grandes clássicos? Já todos ouvimos falar de clássicos como Guerra e Paz, Os Miseráveis, Dom Quixote, as obras completas de Shakespeare ou Jane Austen e todos sabemos que os deveríamos ler, porque sabemos que ao serem denominados "clássicos" lhes foi atribuído um estatuto especial, um estatuto que diz "este livro é mesmo bom e vale mesmo a pena lê-lo". Mas quantos de nós efectivamente o fazem?
Ler clássicos não é fácil, apesar de existirem clássicos que se lêem bem a maior parte deles é pesada, pelo menos na minha opinião, são livros que costumo ler muito devagar e com tanto para ler, quem quer perder tempo a ler devagar? Além do mais maior parte dos grandes clássicos é tão adaptada e divulgada que maior parte das pessoas tem uma ideia da história mesmo que nunca tenha lido uma página da mesma. Por exemplo eu li o Guerra e Paz em banda desenhada com o Pato Donald como personagem principal, eu vi os desenhos animados do Tom Sawyer e apesar de não ter visto a Ana dos Cabelos Ruivos sei que houve muita gente que o fez. Assim sendo, a não ser que a história nos desperte mais a atenção será que vale a pena ir lê-la, será que não podemos considerar que "lemos" o livro já?
O que nos leva novamente à livraria da minha amiga. Se um quarto da livraria forem livros técnicos e outro quarto grandes clássicos da literatura mais livros que não nos interessam ler (por exemplo, eu gosto de livros de auto-ajuda mas sei que há pessoas que não os toleram), ficamos apenas com metade da livraria para ler, e se nos pusermos a descontar os livros que já lemos talvez até fiquemos com um pouquito menos.
Claro que as livrarias não são estáticas, e ainda bem, mas o desafio só torna toda a situação mais interessante. Afinal se as livrarias fossem estáticas havia a hipótese real de um dia ficarmos sem livros para ler e termos que nos pôr a ler sobre o sistema digestivo e doenças contagiosas, o que sem dúvida seria informativo mas não necessariamente divertido.
Assim sendo, talvez seja de todo impossível ler uma livraria, realmente até meia-livraria, mesmo assim creio que é o desafio de provarmos que vamos conseguir ler algo que nos impele a andar em frente. Ou neste caso, ler em frente.
E vocês, Encruzilhados que pensam disto? Acham que chegamos a ler 1% de todos os livros do mundo enquanto vivemos ou nem isso?
Claro que a minha amiga deveria estar a falar dos livros de ficção e das aventuras que nunca poderá ler pois não viverá tempo suficiente para as ler a todas, mas será que isso não é um pouco como os grandes clássicos? Já todos ouvimos falar de clássicos como Guerra e Paz, Os Miseráveis, Dom Quixote, as obras completas de Shakespeare ou Jane Austen e todos sabemos que os deveríamos ler, porque sabemos que ao serem denominados "clássicos" lhes foi atribuído um estatuto especial, um estatuto que diz "este livro é mesmo bom e vale mesmo a pena lê-lo". Mas quantos de nós efectivamente o fazem?
Ler clássicos não é fácil, apesar de existirem clássicos que se lêem bem a maior parte deles é pesada, pelo menos na minha opinião, são livros que costumo ler muito devagar e com tanto para ler, quem quer perder tempo a ler devagar? Além do mais maior parte dos grandes clássicos é tão adaptada e divulgada que maior parte das pessoas tem uma ideia da história mesmo que nunca tenha lido uma página da mesma. Por exemplo eu li o Guerra e Paz em banda desenhada com o Pato Donald como personagem principal, eu vi os desenhos animados do Tom Sawyer e apesar de não ter visto a Ana dos Cabelos Ruivos sei que houve muita gente que o fez. Assim sendo, a não ser que a história nos desperte mais a atenção será que vale a pena ir lê-la, será que não podemos considerar que "lemos" o livro já?
O que nos leva novamente à livraria da minha amiga. Se um quarto da livraria forem livros técnicos e outro quarto grandes clássicos da literatura mais livros que não nos interessam ler (por exemplo, eu gosto de livros de auto-ajuda mas sei que há pessoas que não os toleram), ficamos apenas com metade da livraria para ler, e se nos pusermos a descontar os livros que já lemos talvez até fiquemos com um pouquito menos.
Claro que as livrarias não são estáticas, e ainda bem, mas o desafio só torna toda a situação mais interessante. Afinal se as livrarias fossem estáticas havia a hipótese real de um dia ficarmos sem livros para ler e termos que nos pôr a ler sobre o sistema digestivo e doenças contagiosas, o que sem dúvida seria informativo mas não necessariamente divertido.
Assim sendo, talvez seja de todo impossível ler uma livraria, realmente até meia-livraria, mesmo assim creio que é o desafio de provarmos que vamos conseguir ler algo que nos impele a andar em frente. Ou neste caso, ler em frente.
E vocês, Encruzilhados que pensam disto? Acham que chegamos a ler 1% de todos os livros do mundo enquanto vivemos ou nem isso?
Ki
(Catarina)
Sobre a autora:
Bibliófila assumida e escritora de domingo. Gosta de livros e tudo o que esteja relacionado com eles, tem a mania que tem opiniões sobre livros e gosta de as expor no seu blog conjunto Encruzilhadas Literárias, tem também uma conta no GoodReads e diz que é das melhores coisas que já lhe aconteceu.
Ki, há algum tempo também escrevi sobre isto e, confesso, sou mais da opinião da tua amiga que da tua.
ResponderEliminarSei que não vou ter tempo de ler 1% dos livros que gostava de ler, quanto mais 1% de todos os livros do mundo. Aliás atrevo-me a dizer que 1% dos livros do mundo são mais do que aqueles que considero "elegíveis" para mim. A maioria dos livros que são editados não me interessa, quer por serem livros técnicos quer por não terem o tema certo ou a qualidade mínima (para mim, claro).
E em relação aos clássicos... eu gosto de saber que há livros de qualidade literária inquestionável e que me vão enriquecer enquanto leitora e enquanto pessoa. Mas obviamente não leio apenas clássicos, que como muito bem dizes, nem sempre são de fácil leitura. Mas gostaria de ler mais.
beijinhos e boas leituras
Eu já li esses clássicos indicados! :) (mas não li outros :(
ResponderEliminarJá tinha pensado como preocupante a ideia de que não vou ter tempo para ler todos os livros que quero ler, mas com este post, fiquei a pensar noutra perspectiva que ainda seria pior, a de esgotar todos os livros e não haver mais livros novos que ainda não tivesse lido...
Pois é redonda dá que pensar! E se um dia ficassemos sem livros para ler? Claro que por muito que eu estrabuche, a Patrícia (e a minha amiga) tem razão é impossível alguma vez lermos tanto mas bem podemos sempre tentar ;)
ResponderEliminarRedonda e Ki, nunca vamos deixar de ter livros para ler. Mesmo que nunca mais se escrevesse um livro no mundo (e que tristeza isso seria) teríamos livros para ler toda a vida.^
ResponderEliminarMas cooncordo, seria horrível não ter livros para ler. Por outro lado teríamos livros para reler e só isso já era bom. Eu quando não tinha muito dinheiro para livros lia e relia dezenas de vezes os meus livros. E a cada nova leitura descobria coisas interessantes. E por isso ainda hoje me lembro tão bem desses livros. E agora que leio um livro e pronto, está lido, passado uns tempos tenho que fazer um esforço enorme ou mesmo ler umas páginas para me lembrar da história. Tenho saudades de reler livros...
Olá Ki!
ResponderEliminarTens um belo ponto de vista, nunca tinha visto as coisas assim. No entanto, não posso deixar de ficar um pouco desanimada por saber que por 100 anos que viva, nunca vou conseguir ler todos os livros que quero. Mas o que é preciso é ver o lado positivo, e nisso estiveste muito bem mesmo :) Sempre dá algum consolo ^^
Já agora, muitos parabéns pelo aniversário destas Encruzilhadas Literárias :D
Olá Nádia!
ResponderEliminarMuito obrigada (em meu nome e do blog!), ainda bem que te pude dar algum consolo! Uma pessoa sente-se sempre menos mal se pensar que mais de metade dos livros do mundo não interessam ler ;)