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Opinião: As Coisas Que Nunca Dissemos, de Marc Levy

As Coisas Que Nunca Dissemos
de Marc Levy
Edição/reimpressão: 2008 / 2012
Páginas: 280 / 278
Editor: Pergaminho / Edições Contraponto
Resumo:
Julia Walsh sempre teve uma relação difícil com o pai. Quase nunca se viam, mal se falavam e, das raras vezes em que estavam em contacto, acabavam sempre a discutir. Três dias antes do seu casamento, Julia recebe um telefonema da secretária do pai. Tal como ela esperava, Anthony Walsh não vai poder comparecer ao seu casamento. Contudo, tem uma justificação inabalável: está morto. Julia não consegue deixar de ver o lado tragicómico da situação. De um momento para o outro, passa da preparação de um casamento para a preparação de um funeral. Até depois de morto, Anthony Walsh parece ter o dom de transtornar a vida da filha. Mas, a seguir ao funeral, Julia descobre que o pai tinha mais uma surpresa reservada: a maior aventura da sua vida e, finalmente, uma oportunidade de dizer tudo aquilo que sempre calou…

Rating: 3,5/5

Comentário:
Gostaria por começar dizendo que a versão que eu li foi a da Pergaminho pois era a que estava disponível na biblioteca, no entanto, se quiserem adquirir o livro creio que agora só o poderão fazer através da Contraponto e foi por isso que decidi deixar os dados de ambas as editoras nos "créditos".
Quando preciso de ler uma história querida e fluída escolho Marc Levy porque é mesmo isso que ele proporciona. Os livros de Marc Levy podem não ser marcos de literatura mas são livros que trazem uma certa mensagem, nem sempre fácil de pensar, e que nos prometem que se nos empenharmos, se arriscarmos, se vivermos, se formos mais nós poderemos romper a barreira da normalidade que invadiu as nossas vidas e almejar algo fantástico.
Para Julia Walsh essa oportunidade vem disfarçada de desgraça, depois da morte do pai que acaba por cancelar o seu casamento, Julia recebe, se a isso estiver disposta, a oportunidade de lhe poder dizer tudo o que sempre quis mas que nunca disse. Uma oportunidade única e que merece ser agarrada com ambas as mãos, mas Julia está demasiado habituada a odiar o pai e a afastá-lo para sequer olhar para esta oportunidade como uma coisa boa, para ela é mais uma tentativa do pai a chatear.
Este ódio que Julia tem ao pai tem uma origem um pouco obscura, sabemos que ela está zangada com ele mas não percebemos o ódio imenso que ela tem ao pai até que vários momentos chave da sua vida são revelados. Um destes momentos que decorre aquando da queda do muro de Berlim e fez-me soluçar no meio do comboio e nem vos consigo explicar exactamente o porquê. Creio que toda a carga emotiva associada à experiência contribui para a atmosfera do livro e, foi muito bem escolhida, para a criação de um paralelo entre a vida dos alemães que viram as suas famílias separadas e o fosso/muro que o tempo e a vida criaram entre Julia e o pai.
Marc Levy sabe contar histórias mas peca pela falta de descrições, logo nas primeiras páginas do livro somos bombardeados pelo diálogo de Julia e Stanely, que nos deixa um pouco perdidos pois não sabemos ao certo o contexto que aos poucos se vai relevando entre as frases trocadas entre ambos. E esta relação que Julia e Stanely tem, a sua amizade, foi para mim uma das mais divertidas de todo o livro. A maneira como estes melhores amigos se apoiam e brincam um com o outro é enternecedora e apercebemos-nos à medida que o livro avança que Julia é como é porque teve Stanely para a apoiar, sem ele, o mais provável era ela se ter tornado igual ao pai, presa num mundo só seu e sem contacto com a realidade.
Stanely é por isso a sua bóia e durante a aventura que se desenrola Julia faz sempre questão de ir mantendo o seu melhor amigo mais ou menos informado do que se passa, visto que a realidade é demasiado até para Stanely acreditar nela.
Esta é uma história sobre o perdão, a amizade, o amor e a família, como nos unimos e nos separamos, sobre como somos o porto seguro uns dos outros e o inferno uns dos outros. É uma história sobre a dualidade que existe dentro de cada um de nós e da coragem ou cobardia que temos em certos momentos da nossa vida. E apesar de não ser o romance que vai mudar a história da literatura foi um que gostei bastante de ler e que sai daqui com umas sólidas três estrelas e meia.

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