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Opinião: Predestinado, de Philippa Gregory - Ordem das Trevas (Volume 1)


 Predestinado-A Ordem das Trevas 1

 Predestinado
de Philippa Gregory
Edição/reimpressão: 2012 
Páginas:312
Sinopse: Estamos em 1453 e todos os sinais apontam para que o fim do mundo esteja iminente. Acusado de heresia e expulso do seu mosteiro, Luca Vero, um atraente jovem de 17 anos, é recrutado por um misterioso estranho para registar o fim dos tempos por toda a Europa.
Obedecendo a ordens seladas, Luca é enviado a cartografar os medos da Cristandade e a viajar até à fronteira do bem e do mal. Isolde, de 17 anos, abadessa, está presa num convento para impedir que reclame a sua enorme herança. Quando as freiras ao seu cuidado enlouquecem com estranhas visões, sonambulismo e exibindo estigmas, Luca é enviado para investigar e todas as provas incriminam Isolde.
No pátio do convento constrói-se uma pira para a queimar por bruxaria. Forçados a enfrentar os maiores medos do mundo medieval – magia negra, lobisomens, loucura – Luca e Isolde embarcam numa busca pela verdade, pelo seu próprio destino e até pelo amor, enquanto percorrem os caminhos desconhecidos até à personagem histórica real que defende as fronteiras da Cristandade e detém os segredos da Ordem das Trevas.

Rating: 4/5

Opinião: Para muitos autores, torna-se difícil reinventarem-se e saírem do seu registo habitual. Seja porque procuram um novo género ou um público-alvo diferente. Philippa Gregory consegue trazer originalidade através deste volume da nova saga "Ordem das Trevas", direccionada para jovens adultos.
 Não deixando a sua marca, referente ao romance histórico, e à qual a autora já nos habituou com grande mestria, Philippa traz-nos um aspecto mais ficcional em pleno século XV. A primeira demonstração da preocupação com o público-alvo prende-se com a linguagem, que achei mais directa e desprovida de mecanismos linguísticos, como em obras anteriores. Foi um acto inteligente, que permite a alguém que já a conheça sentir a familiaridade da sua escrita, mas inovadora ao ponto e cativar novos leitores.
Garantindo a estruturação e contextualização de uma época sem se tornar muito complexa ou notoriamente densa, cria a estrutura perfeita para que possamos encaixar as personagens no enredo e desta forma cativa-nos desde o início. De facto, foram as personagens que me agarraram logo nas primeiras páginas. Todas têm um perfil demarcado, ainda que ao longo da história não sejam fornecidos muitos pormenores sobre a maior parte delas, o que espero que venha a ser colmatado nos próximos volumes. De qualquer forma, Luca e os seus dois auxiliares (o escrivão Peter e o ajudante Freize), e Isolde e a sua amiga Ishraq criam um puzzle de situações que se irão conectar no decorrer da estória, tornando as suas interacções o enfoque do enredo.
Luca é um rapaz jovem que mantém um espírito sagaz e perspicaz, o que lhe valeu o novo cargo de inquiridor que agora assume, ainda a medo e com receio de errar. Contrariamente a outras personagens deste estilo, não é arrogante ou corrompido por um sistema que sente o pecado em tudo o que é desconhecido, demonstrando ser o jovem que efectivamente é. Isolde, por sua vez, é uma rapariga educada para se tornar em algo que com a morte o pai parece fora do seu alcance. Tenho algumas dúvidas referentes a esta personagem, supostamente incutida com valores de independência e confiança desde nova, mas que não chegam até nós. Senti-a sempre muito fraca e as suas demonstrações de valentia algo forçadas. No entanto, trata-se de um dilema que a própria personagem se encontra a viver, pois o contacto com o mundo real não é o que ela julgava e como tal terá de aprender a reinventar-se nestes próximos volumes.
A personagem de quem mais gostei foi Freize: leal, divertido e com um toque de humor certeiro, acaba muitas vezes por ser inconveniente, mas também a real consciência de Luca, abrindo-lhe os olhos e ajudando-o a discernir sobre as situações âmbiguas com que se irão deparar. Estou à espera que esta personagem ganhe ainda maior destaque no futuro, embora ache que é pouco provável que isso aconteça logo de início, já que Luca e Isolde, após os impasses iniciais, precisam de crescer e desenvolver-se. 
No geral, tive algum receio ao início que a temática da religião e o pretenso oculto fossem criar um dinamismo muito pesado a uma estória direccionada a um público-alvo supostamente mais jovem. No entanto, a autora soube inverter a tendência e deu-nos 300 páginas cheias de acção, companheirismo e aventura. Esperarei pelo próximo livro com expectativa!

Cláudia
Sobre a autora:
 
Maratonista de bibliotecas e bookcrossing, a Cláudia ainda consegue estudar e fazer o seu mestrado enquanto lê nos transportes públicos. Defensora da sustentabilidade e do voluntariado é tão fácil encontrá-la numa biblioteca como na Rota Jovem em Cascais. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.


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