Não se enganem, não falo do jogo de Cluedo. Ninguém me apanhou na cozinha com a faca ou com o candelabro. Falo sim, daqueles instantes na calada da noite em que os livros que lemos nos atacam.
Sabem do que falo? Dos "e ses", dos "podia acontecer", dos reflexos que vemos nas nossas janelas de noite, falo dos medos e das dúvidas que as histórias plantam em nós. Dos livros que nos assombram muito tempo após os termos deixado.
Para mim, actualmente, esse livro é Crónica de uma Serva, de Margaret Atwood. Uma realidade distópica que me faz tremer e me acelera o coração. Um livro que para mim representa todo o meu terror actual. Eu que não vejo filmes de terror mas que nunca tive problemas em adormecer depois de ler os livros dos Arrepios ou da Estrada do Terror (e outras séries que tais), dou por mim agora a ser assaltada quando menos espero por uma sensação desconfortável de terror.
A última vez que isto me aconteceu foi a meio da noite, levantei-me porque tinha sede e chegando à cozinha enchi um copo e fiquei a olhar por entre as negas dos estores corridos. O meu reflexo estava semi-comido pelas luzes dos candeeiros que entravam pelas negas e foi aí que do nada dei um salto ao sentir toda a história do livro a invadir-me outra vez.
Provavelmente algo naquele momento me fez lembrar do livro inconscientemente, algo acordou o terror do livro em mim e eu fiquei ali na cozinha de copo na mão a pensar que nunca mais me ia esquecer de encher a garrafa que tenho ao lado da cama.
Não é a primeira vez que um livro me assalta. Acontece-me por vezes passar por situações, visitar locais ou até mesmo ouvir música que me lembram de livros inteiros e eu fico parada durante uns segundos com um sorriso parvo na cara a lembrar-me dos bons momentos que passei a ler esse livro. Lembro-me da história e das personagens, dos meus momentos favoritos e das escolhas que teria feito de maneira diferente.
Mas estas são memórias agradáveis, o género de memórias que faz parte do espírito das fandoms das quais já faço parte (embora na altura não soubesse) desde que vi Sailor Moon. São memórias que fazem parte do que sou mas num tom leve e luminoso. Existe no entanto, como sempre existe, um lado mais negro, livros mais fortes e pesados que nos marcam e deixam um pouco desse peso em nós, como se acordassem as nossas partículas mais negras.
Esses são os livros que por vezes gostaria de esquecer e não consigo. Os livros que me criam pesadelos e medos nas sombras da noite.
Para mim, actualmente, esse livro é Crónica de uma Serva, de Margaret Atwood. Uma realidade distópica que me faz tremer e me acelera o coração. Um livro que para mim representa todo o meu terror actual. Eu que não vejo filmes de terror mas que nunca tive problemas em adormecer depois de ler os livros dos Arrepios ou da Estrada do Terror (e outras séries que tais), dou por mim agora a ser assaltada quando menos espero por uma sensação desconfortável de terror.
A última vez que isto me aconteceu foi a meio da noite, levantei-me porque tinha sede e chegando à cozinha enchi um copo e fiquei a olhar por entre as negas dos estores corridos. O meu reflexo estava semi-comido pelas luzes dos candeeiros que entravam pelas negas e foi aí que do nada dei um salto ao sentir toda a história do livro a invadir-me outra vez.
Provavelmente algo naquele momento me fez lembrar do livro inconscientemente, algo acordou o terror do livro em mim e eu fiquei ali na cozinha de copo na mão a pensar que nunca mais me ia esquecer de encher a garrafa que tenho ao lado da cama.
Não é a primeira vez que um livro me assalta. Acontece-me por vezes passar por situações, visitar locais ou até mesmo ouvir música que me lembram de livros inteiros e eu fico parada durante uns segundos com um sorriso parvo na cara a lembrar-me dos bons momentos que passei a ler esse livro. Lembro-me da história e das personagens, dos meus momentos favoritos e das escolhas que teria feito de maneira diferente.
Mas estas são memórias agradáveis, o género de memórias que faz parte do espírito das fandoms das quais já faço parte (embora na altura não soubesse) desde que vi Sailor Moon. São memórias que fazem parte do que sou mas num tom leve e luminoso. Existe no entanto, como sempre existe, um lado mais negro, livros mais fortes e pesados que nos marcam e deixam um pouco desse peso em nós, como se acordassem as nossas partículas mais negras.
Esses são os livros que por vezes gostaria de esquecer e não consigo. Os livros que me criam pesadelos e medos nas sombras da noite.
Sabem de que livros falo Encruzilhados? Tem livros assim? Que mexeram no núcleo da vossa existência e deixaram marcas, deixaram dúvidas? Livros que carregamos invisivelmente nas nossas almas e que moldam discretamente os nossos comportamentos.... Querem dizer-me quais são?
Ki
(Catarina)
Sobre a autora:
Bibliófila assumida e escritora de domingo. Gosta de livros e tudo o que esteja relacionado com eles, tem a mania que tem opiniões sobre livros e gosta de as expor no seu blog conjunto Encruzilhadas Literárias, tem também uma conta no GoodReads e diz que é das melhores coisas que já lhe aconteceu.
Já me aconteceu tantas vezes ser assaltada por pensamentos acerca de livros que já li há tanto tempo e que me marcaram (pela positiva ou negativa)... Às vezes nem percebo bem o motivo, mas é sinal que não fiquei indiferente! E é por isso que adoro ler, para viver essa emoção e para ter essas recordações que, apesar de não serem minhas, vivo tão intensamente... :)
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