Aqui há dias a Cláudia encontrou uns amigos no comboio a caminho de Lisboa e a primeira coisa que uma lhe disse foi "aviso já que vou ler!". Isto levou-os a discutir que, de facto, e mesmo quando já não vemos alguém há muito tempo, por vezes existe o impeto de (caso a pessoa ainda não nos tenha visto) fingir que não vimos ninguém só para podermos continuar a ler aquele livro de que estamos a gostar tanto (a Cláudia reconhece já ter feito isso). Não é bonito, realmente, e por esse motivo é que nos inspirou para escrever esta crónica.
Na verdade, suspeitamos que todos temos aquele livro que sabemos ser uma inutilidade literária e nem por isso deixamos de gostar dele. Não falamos de livros que o resto do mundo reincrime, e que nos obriguem a fingir que não o lemos (até porque não deve haver vergonha no que lemos), assunto que até já abordámos por estes lados. Falamos mesmo daqueles livros que nós reconhecemos serem maus, ou nos quais não existe muita lógica e senso, mas que alguma parte da sua componente faz sentido.
Para a Cláudia, os livros da Jill Mansell encontram-se nessa categoria (e antes que os fãs da autora nos batam, relembramos que a opinião é pessoal). Faltam-lhe por vezes consequências lógicas, a autora resolve situações complicadas em segundos e de forma caricata, mas no fim garante umas valentes gargalhadas que tornam os livros preferenciais a outros muito melhor escritos (são os ditos livros aconchegantes /reconfortantes que por vezes chamam por nós!). O primeiro livro lido da autora, Uma Oferta Irrecusável (A Catarina gostaria de comentar que acha este facto irónico) levou-a à loucura, tanto irritando-a com a falta de conexão e nexo como a adorar e devorá-lo numa tarde (sendo que a decisão final da pontuação a atribuir oscilou entre 2 e 4 durante toda a leitura).
Já a Catarina não sabe ao certo se tem um género de livros deste tipo. Acha piada aos romances de época (como os de Julia Quinn e Eloisa James) pelos mesmos motivos que a Cláudia gosta de Jill Mansell mas não os procura. Talvez o seu maior Guilty Pleasure seja mesmo o YA, que é uma fórmula conhecida e aconchegante e que, apesar de ser mais assustadora que o juvenil, ainda garante um certo final feliz.
Por esse motivo convidamos-vos a passar o mês de Maio connosco, e a descobrir pequenos vicios literários ou não, que possam se vistos como guilty pleasures. Como exemplos, deixamos aqui os seguintes: ler no wc, livros escondidos, snacks à mão durante a leitura, estranhos locais para ler, as coisas mais loucas que fazem por livros...enfim, toda a insanidade inerente a quem já não sabe ler sem livros. (Viver!! Viver sem livros!! Viram como ela nos afecta já?)
Para além dos diferentes artigos e comentários, estejam à vontade para nos enviar um email e contar as histórias sobre livros que nunca contaram a ninguém, agora que encontraram quem vos compreenda!
Comentários
Enviar um comentário