A Mulher do Viajante do Tempo
de Audrey Niffenegger
Edição/reimpressão: 2010
Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 582
Editor: Editorial Presença
Resumo: Audrey Niffenegger estreia-se na ficção com um primeiro romance
absolutamente prodigioso. Revelando uma concepção inovadora do fenómeno
da viagem temporal, cria um enredo intrigante e arrebatador, que alia
com magistralidade a riqueza emocional a um apurado sentido do suspense.
Este livro é, antes de mais, uma celebração do poder do amor sobre a
tirania inflexível do tempo. Para Henry, essa inexorabilidade assume
contornos estranhamente inusitados: ele é prisioneiro do tempo, mas não
como o comum dos mortais. Cronos preparou-lhe uma armadilha caprichosa
que o faz viajar a seu bel-prazer, para uma data e um local inesperados,
onde aparece completamente desprovido de roupa ou de outros bens
materiais. A Clare, sua mulher e seu grande amor, resta o papel de
Penélope, de uma Penélope eternamente reiterada a cada nova partida de
Henry para onde ela não pode segui-lo. Quando Clare e Henry se encontram
pela primeira vez, ela é uma jovem estudante de artes plásticas de
vinte anos e ele um intrépido bibliotecário de vinte e oito. Clare já o
conhecia desde os seis anos… Henry acabava de a conhecer… Estranho?!
Poderia parecer, não fosse a mestria de Audrey para tecer os fios do
tempo com uma espantosa clareza. Intenso e fascinante, "A Mulher do
Viajante no Tempo" é um livro inesquecível pela qualidade das reflexões
que provoca, pela sensibilidade com que nos retrata a luta pela
sobrevivência do amor no oceano alteroso do tempo. Na orla desse oceano,
perscrutando o horizonte, ficará sempre Clare, à espera de um regresso
anunciado…
Rating: 4,5/5
Rating: 4,5/5
Opinião:
A Mulher do Viajante do Tempo recebeu uma adaptação para cinema em 2009, sendo através deste meio que me cruzei com esta história. Na verdade, é um filme do qual gosto bastante e que revisito de tempos a tempos (tanto que o tenho guardado na Box). Tal como o filme, este livro acabou por ganhar um lugar especial na minha estante, e tenho-vos a dizer que merece bem ser lido.
Ao abordar a relação de Henry e Clare em diversas etapas das suas vidas, vamos tendo a oportunidade de conhecer as crianças, os adolescentes, o homem e a mulher que resultam de uma série de acontecimentos entrecruzados no tempo, cuja definição determinista impõe a consequente imutabilidade. Isto para dizer que Clare nunca teve verdadeiramente uma opção nas escolhas que fez, mas que são elas que a levam também até Henry, e desde modo nos conduzem nesta narrativa.
Li algumas críticas menos positivas sobre ele, onde o principal argumento era a falta de acção. Compreendo o motivo, mas realmente não senti qualquer falta de conteúdo nele, é um livro sobre encontros, sobre aprender a esperar e a enfrentar o desconhecido, a procurar soluções inovadoras para questões não colocadas e sobre o quanto a confiança e a cumplicidade de alguém são fulcrais para determinadas alturas das nossas vidas, o quanto o amor se constrói não só de acasos mas também de esforço conjunto e do prazer inusitado da companhia do outro no nosso espaço pessoal tão poucas vezes partilhado.
As construções temporais estão bem montadas, fazem sentido e não nos permitem perder no enredo, ainda que não haja uma reflexão cronológica ou meramente sequencial. Em parte, traduz realmente o mundo da história e compõe uma realidade onde rapidamente conseguimos ver inseridas as personagens. Cada uma muito bem retractada, com mais do que uma dimensão, traz-nos representações que apesar de não serem extensíveis, compõem realmente um quadro social e pessoal de diversas pessoas com quem o casal principal se relaciona.
Para mim, a autora foi realmente brilhante e não poderia haver um título melhor. Porque muitas pessoas que viram o filme e leram o livro acabaram por se concentrar na mutação genética do Henry, e não perceberam que ele não é realmente a personagem principal, mas sim Clare. É a dinâmica desta mulher e o seu amor por um pleno desconhecido que lhe pede que acredite que veio do futuro, a confiança que a faz atirar-se de cabeça para um futuro cheio de possibilidades e incertezas, a sua estabilidade e evolução, e principalmente a sua determinação e devoção a uma vida a dois os factores que constroem este fabuloso enredo, que nos faz reflectir sobre a força das relações modernas, seja a que nível for.
A Mulher do Viajante do Tempo recebeu uma adaptação para cinema em 2009, sendo através deste meio que me cruzei com esta história. Na verdade, é um filme do qual gosto bastante e que revisito de tempos a tempos (tanto que o tenho guardado na Box). Tal como o filme, este livro acabou por ganhar um lugar especial na minha estante, e tenho-vos a dizer que merece bem ser lido.
Ao abordar a relação de Henry e Clare em diversas etapas das suas vidas, vamos tendo a oportunidade de conhecer as crianças, os adolescentes, o homem e a mulher que resultam de uma série de acontecimentos entrecruzados no tempo, cuja definição determinista impõe a consequente imutabilidade. Isto para dizer que Clare nunca teve verdadeiramente uma opção nas escolhas que fez, mas que são elas que a levam também até Henry, e desde modo nos conduzem nesta narrativa.
Li algumas críticas menos positivas sobre ele, onde o principal argumento era a falta de acção. Compreendo o motivo, mas realmente não senti qualquer falta de conteúdo nele, é um livro sobre encontros, sobre aprender a esperar e a enfrentar o desconhecido, a procurar soluções inovadoras para questões não colocadas e sobre o quanto a confiança e a cumplicidade de alguém são fulcrais para determinadas alturas das nossas vidas, o quanto o amor se constrói não só de acasos mas também de esforço conjunto e do prazer inusitado da companhia do outro no nosso espaço pessoal tão poucas vezes partilhado.
As construções temporais estão bem montadas, fazem sentido e não nos permitem perder no enredo, ainda que não haja uma reflexão cronológica ou meramente sequencial. Em parte, traduz realmente o mundo da história e compõe uma realidade onde rapidamente conseguimos ver inseridas as personagens. Cada uma muito bem retractada, com mais do que uma dimensão, traz-nos representações que apesar de não serem extensíveis, compõem realmente um quadro social e pessoal de diversas pessoas com quem o casal principal se relaciona.
Para mim, a autora foi realmente brilhante e não poderia haver um título melhor. Porque muitas pessoas que viram o filme e leram o livro acabaram por se concentrar na mutação genética do Henry, e não perceberam que ele não é realmente a personagem principal, mas sim Clare. É a dinâmica desta mulher e o seu amor por um pleno desconhecido que lhe pede que acredite que veio do futuro, a confiança que a faz atirar-se de cabeça para um futuro cheio de possibilidades e incertezas, a sua estabilidade e evolução, e principalmente a sua determinação e devoção a uma vida a dois os factores que constroem este fabuloso enredo, que nos faz reflectir sobre a força das relações modernas, seja a que nível for.
Cláudia
Sobre a autora:
Maratonista de bibliotecas e bookcrossing, a Cláudia ainda consegue estudar e fazer o seu mestrado enquanto lê nos transportes públicos. Defensora da sustentabilidade e do voluntariado é tão fácil encontrá-la numa biblioteca como na Rota Jovem em Cascais. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.
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