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Opinião: Prisioneiros da Geografia, Tim Marshall




Prisioneiros da Geografia

de Tim Marshall

 Edição/reimpressão: 2019
Páginas: 256
Editor: Desassossego






Sinopse:
Dez Mapas que lhe Revelam Tudo o que Precisa de Saber sobre Política Internacional

Todos os líderes mundiais enfrentam limitações geográficas. As suas decisões são condicionadas por montanhas, rios, mares e betão. Para compreender o que abala o mundo, é necessário possuir conhecimento das ideias, movimentos e povos – mas sem um conhecimento sólido de geografia, nunca conseguiremos abarcar a totalidade dos eventos.

Se alguma vez se questionou sobre a razão de Putin ter uma obsessão pela Crimeia, de a paz parecer impossível no Médio Oriente, de os EUA entrarem em tantos conflitos armados ou de o poder da China continuar a crescer em todo o mundo, irá encontrar essas e muitas outras respostas neste livro.

Em dez capítulos que cobrem Rússia, China, EUA, América Latina, Médio Oriente, África, Índia e Paquistão, Europa, Japão, Coreias e o Ártico, o autor faz uso de mapas, ensaios e da sua longa experiência de viagens pelo globo para oferecer uma perspetiva do passado, presente e futuro, ajudando-nos a descobrir como a geografia é um fator tão determinante para a história do mundo.

Rating: 4/5
Comentário:  Para quem é Geógrafa de formação, é impossível ignorar as façanhas da geopolítica à luz dos constrangimentos físicos do território. E por mais que estas sejam múltiplas e díspares, Tim Marshall revela com brio as que mais condicionam o Mundo na actualidade, numa análise de 10 mapas que explicam muitas das tomadas de decisão e reviravoltas que nos chegam pelas notícias diariamente.
Passando pela Rússia, Estados Unidos, China, América Latina. Europa Ocidental, Médio Oriente, Árctico, Índia e Paquistão, Japão e Coreia e África, e através de uma linguagem acessível, o autor evidencia as principais tensões (fronteiriças, ideológicas, económicas e de segurança), a maior parte baseada não só na disposição natural dos territórios e as consequentes barreiras à sustentabilidade e desenvolvimento económico, mas também pela riqueza e pobreza dos solos (e o quanto estas condicionam as relações diplomáticas e as decisões de defesa e relações externas ao longo do globo).
A principal valência da abordagem do autor passa pela evidência de que, embora num mundo que caminha ou procura caminhar para uma resolução não armada dos seus conflitos, não desiste de concessionar um plano B, revestindo-se de frotas, novas relações diplomáticas, pretensões sobre zonas-chave que possam fragilizar os seus territórios e uma eminente preparação para a Guerra que poderá não vir, desde que cada um faça a sua parte e não antagonize o outro em demasia.
Recorrendo sempre a mapas que demonstram com maior pormenor áreas determinantes para a explanação de cada capítulo, Tim Marshall demonstra as evidentes fragilidades de um território (ou de muitos) que se vêem bloqueados por um sistema de status quo, que os favorece em detrimento dos conflitos bélicos, mas que não resolve parte das suas contendas.
Embora não faça todo um enquadramento histórico, o autor evidencia para cada caso as acções de causa-efeito, muitas delas de pendência factual histórica, que trazem para a ribalta tensões e rivalidades territoriais, assentes e decisões tomadas pelas gerações antepassadas. Há uma constante demonstração do frágil equilíbrio sobre o qual subsiste a delineação das nações no Mapa-Mundi, tal como o conhecemos, e que assim se mantém à custa de uma enorme intervenção (seja esta justificada ou não) pelas potências de maior domínio  e do receio de que a continuidade de uma refutação intensa sobre a delimitação de uma barreira apenas a destrua, dando azo a consequências muito piores. 
É uma chamada de atenção contínua para um mundo que para os comuns mortais surge adormecido, mas que condiciona a vida dos cidadãos em pleno. O que Tim Marshall nos traz é uma análise objectiva dos porquês, com algumas sugestões e orientações que possam justificar as decisões tidas como incompreensíveis para o cidadão comum, alertando que as fronteiras poderão estar mais diluídas com o tempo, mas que certos conflitos e pretensões territoriais não desapareceram e continuam bem vigentes.
E é também uma lembrança, dura, mas representativa da intervenção de um povo ocidental à escala global, que não soube olhar para a geografia, para a etnografia da Terra, decidindo com regra e esquadro fronteiras artificiais que são hoje resultado de uma lotaria de sorte ou azar, mas quase sempre, causadoras de conflitos de maior ordem e da precariedade de nações que só o são somente de nome. 


Cláudia
Sobre a autora:
 
Maratonista de bibliotecas, a Cláudia lê nos transportes públicos enquanto observa o Mundo pelo canto do olho. Defensora da sustentabilidade e do voluntariado, é tão fácil encontrá-la envolvida num novo projeto como a tagarelar sobre tudo e mais alguma coisa. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.

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