Todos nos devemos lembrar de andar na escola e de nos faltar uma caneta, ou um afia e prontamente nos virarmos e pedirmos um ao colega de trás, que com um sorriso responde "Toma, mas tem um "V" na ponta, ok? Um v de vai e um v de volta!". É uma frase que demonstra um pouco a confiança posta em nós e que nos lembra que o que levamos é emprestado e que tem de ser devolvido.
Quando somos nós a emprestar a sensação é ainda maior, as coisas vão mas vamos querer que voltem, mesmo que já não as usemos há algum tempo. O mesmo se aplica aos livros.
Verdadeiros bibliófilos gostam de comentar os livros que estão a ler presentemente, especialmente se forem bons, o que acaba por nos deixar um problema. As pessoas tem tendência a pedir-nos os mesmos emprestados. Falando por mim, não sou uma pessoa particularmente egoísta e até nem me importo muito de emprestar os meus livros se conhecer a pessoa minimamente bem. Devo confessar, no entanto, que já passei por várias situações em que um livro foi e não voltou.
Para mim, essas são as situações mais aborrecidas e complicadas pois nunca tenho 100% certeza de como devo lidar com o problema em mãos. Não sei quanto a quem me lê mas eu já cheguei a ter, entre outras situações descabidas, pessoas que me perderam livros e negam que eu lhes tenha emprestado seja o que for. E assim do nada "puff" lá se foi um livro!
Ora como os nossos caros leitores sabem, os livros não são propriamente baratos (Algo que iremos falar num post próximo!) e ter alguém a perder-nos um livro e a nem sequer nos pedir desculpa, visto que a situação ideal para mim, seria comprar um novo para substituir o perdido, acaba por me deixar um pouco entre a espada e a parede. Não gosto de ser "má" mas creio que nesta situações não é malvadez nenhuma dizer que me recuso a emprestar livros a pessoas que me desapareceram ou ficaram eternamente com um.
Confesso que sou esquecida mas tenho uma amiga que tem um livro meu há um ano e sempre que me vê só me diz "HEI! Esqueci-me do teu livro em casa!! Para a próxima trago!", acaba por ser uma situação um pouco constrangedora. Não que eu precise desesperadamente do livro, afinal já o li, mas ela acaba por entrar numa conversa de vítima durante trinta minutos, em como é uma esquecida e de como para a próxima e sem dúvida me traz o livro.
A verdade é que ao longo dos anos fui perdendo livros. Perdi livros quando mudei de casa, perdi livros quando as minhas primas pequenas mos levaram e nunca trouxeram de volta, perdi livros para a amiga que os emprestou a uma outra amiga que por sua vez desapareceu, perdi livros quando a minha irmã se esqueceu deles perto da piscina onde foi, perdi livros quando tropecei e os deixei cair dentro de uma poça numa tarde de sol depois de uma manhã de chuva.
É algo que quem lê não pode controlar, a não ser que só leia em casa e se recuse a emprestar seja que livro for. Todos nós vamos acabar por perder livros, mas há uns que nos chateiam perder mais que outros. Eu sou sincera: quando um livro meu desapareceu por completo de circulação só não comprei outro porque uma amiga, que tinha lido o livro e mo devolvido, fez questão de mo oferecer outra vez nos anos. Se assim não fosse, sei que iria correr a comprar outro. E vocês, caros leitores, há algum livro perdido que ainda vos assombre?
Essa é uma situação que a nós bibliófilos vai sempre incomodar e tenho a sensação que quem não adora livros como nós não entende.
ResponderEliminarEu também já perdi livros. Livros que desapareceram do nada, livros que emprestei de quando era miúda aos filhos dos amigos da minha mãe ou aos meus primos e que não voltaram, situações que acabámos por ultrapassar, porque são situações que não controlámos e porque neste último caso fiz suscitar o gosto da leitura em alguém, e isso é um grande prémio por um livro que não vamos voltar a ler.
Mas há situações e situações. Neste momento só empresto livros a quem gosta realmente deles e a quem eu confio a 99%, isto porque quando era mais nova emprestava sem maldade e à conta disso fiquei sem três dos meus livros preferidos, que vim a saber, andaram a correr toda a gente e mais alguma, sem um pedido de autorização, uma devolução ou um pedido de desculpas.
Hoje isso não acontece. Como enjoo nos transportes nunca ando com livros, só se for em viagem e tiver a certeza que vou ter tempo para ler, e limitei em muito os livros que empresto. É pena, mas só eu tenho noção do quanto me custaram e do carinho que tenho por eles...
Emprestei um dos meus livros favoritos 'Os filhos da droga' da Christiane F a uma amiga minha que emprestou à prima que emprestou à amiga...nunca mais o vi.
ResponderEliminarEu até nem me importo de emprestar mas é mais empréstimo por empréstimo, se disponibilizo algum livro, a outra pessoa tmb tem de ter a mesma atitude.
Mafi, essa ideia do empréstimo por empréstimo está muito bem pensada! Tenho de experimentar!
ResponderEliminarGirlinChaiseLongue eu não enjoo nos transportes a ler, logo isso não me ajuda! Mesmo assim agora também só empresto a quem me dá 99% de certezas e mesmo assim, há sempre 1% de possibilidade de as coisas não voltarem... :/