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Perdido naquela janela

Aqui há uns dias atrás dei por mim a pensar num livro que tinha quando era nova. Era um livro de receitas da UNICEF e anunciava ter receitas de todo o mundo, tinha uns desenhos amorosos e as receitas eram fáceis de seguir, cheguei inclusivamente a fazer várias vezes scones usando a receita do livro e a ajuda da minha mãe.
O livro de seu nome Os Pequenos Cozinheiros faz parte do meu mundo literário infantil e foi durante muito tempo um dos meus livros favoritos. Quando me lembrei dele corri à sua procura. Vasculhei estantes e estante, fiquei coberta de pó e resmunguei para mim mesma que é no próximo fim de semana que finalmente vou limpar as estantes!
No entanto, aproximadamente 20 minutos depois, tive de admitir a minha derrota, O livro desapareceu. Não faço ideia onde esteja, nem onde pode estar. Lembro-me que o meu irmão se lembrou a determinada altura de o riscar e quem sabe, o livro acabou por encontrar o caminho para o papelão. Fiquei triste mas rapidamente esqueci o assunto quando no dia seguinte me chegaram livros novos pelo correio.
A vida foi correndo e heis que hoje quando andava por Lisboa vejo uma loja de antiguidades com um belo cavalo de madeira na montra. O cavalo chamou-me a atenção pois era igualzinho a um que a minha avó tinha em casa dela quando eu era pequena. Um sorriso nasceu-me no rosto e continuei a beber a montra calmamente. Vi vários livros da Anita, iguais ao que tinha lido em casa da minha avó também e até um livro 3D com um avião e autocarro igualzinho a um que eu tinha tido.
Afundei-me em memórias na montra, era como ser pequena outra vez, aliás, como re-descobrir a minha eu pequena. Entrei na loja e passei os olhos pela mesma. Prateleiras cheias de livros, alguns brinquedos e biblôs perdidos enchiam o interior da mesma. Preços havia-os para todos os gostos, apesar de que as coisas mais baratas que encontrei foram mesmo os livros da Anita a 5€.
Antes que o passado me engolisse, decidi sair da loja e seguir o meu caminho. A modos de despedida volto a observar a montra e reparo numa cadeira escondida na parte de trás com algo em cima. Aproximo mais a face do vidro e qual não é o meu espanto quando o vejo ali! Ali mesmo! O meu livro! Naquela montra! Perdido naquela janela. Compreendem-me quando vos digo que tive de o comprar? Não fariam o mesmo no meu lugar? Se pudessem recuperar um livro da vossa infância não o fariam? (E já agora, qual seria?)



Ki
(Catarina)
Sobre a autora:

Bibliófila assumida e escritora de domingo. Gosta de livros e tudo o que esteja relacionado com eles, tem a mania que tem opiniões sobre livros e gostas de as expor no seu blog conjunto Encruzilhadas Literárias, tem também uma conta no GoodReads e é das melhores coisas que já lhe aconteceu.

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