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Opinião: A Travessia, de WM. PAUL YOUNG

A Travessia
de WM. PAUL YOUNG
Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 304
Editor: Porto Editora
Resumo:
Anthony Spencer é um empresário de sucesso, um homem orgulhoso e egocêntrico que não olha a meios para conseguir os seus objetivos. Um dia, o destino prega-lhe uma partida: um AVC deixa-o nos cuidados intensivos, em estado de coma.
Entre a vida e a morte, Anthony vê-se num mundo que espelha a dor e a tristeza que tem dentro de si. Confuso, sem compreender exatamente onde está e como foi ali parar, viaja pela sua consciência para compreender quem realmente é e descobrir tudo o que tem perdido ao longo da vida: a esperança, a amizade genuína e o amor verdadeiro, sentimentos que há muito o seu coração deixara de sentir.
Em busca de uma segunda oportunidade, Anthony fará uma jornada de redenção e encontro com o seu verdadeiro ser. 
Rating: 3/5

Opinião da Cláudia: 
Este livro não se enquadra geralmente no meu tipo de leitura, mas aceitei o desafio da Porto Editora. Quando saiu "A Cabana" em Portugal foi impossível não ver pessoas agarradas a um exemplar nos transportes públicos, na praia, nas compras, etc. Ainda ontem, em plena fisioterapia, a senhora da maca ao lado transportava o exemplar dela. Esse rápido interesse só mostra o quanto o livro surpreendeu os portugueses. Deste modo, e quando li a sinopse de "A Travessia", fiquei curiosa e quis lançar-me ao desafio.
O tipo de escrita de Wm. Paul Young não permite uma leitura leve. Não porque ele complique ou seja complexo a escrever, mas porque é necessário entrar na mesma sintonia que o autor e assim receber a história em pleno. Implica alguma concentração para captar todas as mensagens e saber interpretá-las. E a interpretação é sem dúvida um dos pontos fortes deste livro. Mas já lá vamos.
Tony não é uma personagem fácil, e a sua breve apresentação antes do AVC também não nos garante uma maior abertura para a personagem. É um homem isolado, amargurado, desiludido com a vida que tem, embora se ache no seu auge. Até ao momento da narrativa.
Essa caracterização da personagem é propositada. É através do processo de autodescoberta, a que a personagem se submete em parte, que começamos a definir uma imagem clara no meio do cinzento que o rodeia. Meio esse criado por si, no seu íntimo, e do qual Tony passou anos a fugir. Ao longo "da viagem", vamos acompanhando e descobrindo partes de si que o mesmo desconhecia ou das quais foi descartando ao longo dos anos. O que lhe parece insólito torna-se cada vez mais real, principalmente quando ganha consciência da sua plenitude, e reforça um olhar diferente sobre a sua personalidade.
É uma narrativa que visa, sobretudo, a redenção. Cada linha, mesmo a mais banal, acaba por ser uma metáfora para uma qualquer situação que já tenhamos vivido, experimentado. Acho sinceramente que este livro terá interpretações diferentes para cada um que o ler. E nem a propósito, existe uma passagem do texto que o elucida de forma clara: "-Senhor, está a falar metaforicamente e eu estou a ter alguma dificuldade em compreender o que me diz - confessou Tony. [...] - E é precisamente por isso que não compreendes o que te estou a dizer [...]. Não recorri a uma única metáfora, como tu tantas vezes fizeste. Como continuas a viver e a acreditar nas tuas metáforas, não consegues ver aquilo que é verdadeiro."

Muitas vezes, a travessia de Tony não é mais do que a nossa travessia. Não porque o livro é religioso ou espiritual (pode sê-lo considerado por muitos, mas não por mim porque não sou uma coisa nem outra, e me consegui identificar com o livro), mas porque é uma compilação de reflexões e memórias pessoais. Sendo assim, o Tony é a personagem principal, mas apenas até certo ponto. Não acho que cada leitor faça uma travessia como a sua, mas antes uma vistoria dos últimos grandes acontecimentos da sua vida, se estiver virado para uma leitura para reflexiva e percepcional. Senão, será uma leitura fácil, mas talvez não tão interessante, até porque a narrativa segue uma linha muito linear e bastante simples.
Para finalizar, um dos pontos que menos apreciei foi a dicotomia da personagem antes do coma e após o coma. Não estou a falar do processo de transformação mas da orientação inicial. Se por um lado ganhamos uma primeira visão muito escura e complexa de Tony, mal se encontra em coma torna-se por vezes demasiado frágil e assustadiço, contrariando a conceção que fomos criando. Embora perceba que a ideia seja demonstrar que nem sempre o que demonstramos é o que somos, que o nosso inconsciente guarda um sem número de inseguranças e segredos que o mundo exterior não poderá obter, gostaria de o ter encontrado mais irascível ao início do processo, para que a transformação tivesse mais impacto.


Opinião da Ki:
Depois do êxito que foi o livro A Cabana confesso que fiquei curiosa para ler o mesmo. Contudo, outras leituras foram surgindo e A Cabana ficou perdida no tempo e no espaço até que A Travessia foi lançada. Confesso que mergulhei de cabeça no livro, tamanha era a antecipação. A ideia do livro era entusiasmante e eu esperava algo do mesmo estilo de A Princesa que Acreditava em Contos de Fadas ou O Cavaleiro da Armadura  Enferrujada, um livro com uma escrita leve, fluída e cativante.
Talvez seja irónico dizer que me sinto um pouco advogada do diabo, a Cláudia ter a apreciado a leitura do livro mas eu não gostei da minha tanto como esperava. Tony, a nossa personagem principal, é completamente odiável nas primeiras páginas e questionei-me por várias vezes como iria fazer a transição. Quando a meio do primeiro capítulo me cria uma lista de pessoas em quem confia tive de revirar os olhos. Ouve algo na personagem que não fez clique em mim e a própria escrita de Young não me ajudou a entrar no mundo de Tony.
No entanto, há medida que a narrativa avança os diálogos começam a tornar-se interessantes. Gostei principalmente do diálogo que Tony tem com Jake sobre o que é Verdadeiro e o que é Real e a diferença entre ambos. Na realidade achei Jake uma personagem fascinante e sobre o qual gostava de saber mais.
Para mim o livro alternou entre partes interessantes e partes completamente mortas. Creio que a melhor maneira de o pôr em palavras é dizer que a viagem de Tony se assemelha um pouco com o andar entre grupos à conversa num convívio. Há conversas que nos despertam mais o interesse e conversas nas quais não queremos participar.
Mesmo assim o meu maior desapontamento com este livro deve-se sem dúvida ao facto de o ter idealizado, imaginado de outro modo e o livro se ter revelado algo de diferente. Estas ideias pré-concebidas que pomos na nossa cabeça conseguem ser terríveis e não é a primeira vez que me estragam uma leitura.
Para concluir gostava de dizer que Young consegue ter uma escrita interessante e apreciei algumas das metáforas utilizadas. Este é um livro diferente com uma abordagem interessante sobre a vida, a morte e Deus.

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